O Judiciário pode convocar as Forças Armadas

Por Carlos Chagas

É função da Polícia Federal investigar crimes e prender possíveis criminosos, com autorização judicial. Cabe-lhe, também, apurar responsabilidades nas lesões praticadas contra a lei. Faltam à instituição, porém,  condições materiais  para ocupar e desocupar rodovias, rebocar veículos que obstruem a circulação e promover o restabelecimento da ordem nos transportes.
                                                              
Declarou  a presidente  Dilma que seu governo não ficará quieto diante de processos de interrupção do tráfego nas rodovias nacionais, sendo a ordem valor fundamental para o funcionamento das instituições. “Resolveu endurecer com os caminhoneiros”, ouve-se no palácio do Planalto.
                                                              
O problema é que por enquanto  a atitude da presidente limitou-se  a determinar que a Polícia Federal investigue o bloqueio nas estradas, apurando se há locaute no movimento, ou seja, se são os empresários das empresas de transporte a  estimular as paralisações.
                                                              
Enquanto isso,  começam a faltar gêneros de primeira necessidade em diversas regiões do país.  Combustível, também. Produtores e transportadores já  registram prejuízos pela deterioração de parte da carga a ser transportada ou  imobilizada nos caminhões. Mais dois ou três dias e o país estará  no portal do caos,  se permanecer a greve.
                                                              
Importa repetir o que vimos afirmando desde a deflagração do movimento: só as forças armadas poderão fazer refluir o impasse, pela ocupação e desocupação das rodovias. As Polícias Militares e a Polícia Rodoviária mostram-se insuficientes,  assim como ao Poder Judiciário não é dado fazer cumprir suas sentenças  obrigando  a volta ao trabalho dos grevistas. Muito menos surtem efeito as multas aplicadas às associações e empresas que regem a atividade transportadora.
                                                              
Estamos num daqueles momentos em que o Estado   precisa lançar mão de suas prerrogativas  constitucionais, mesmo excepcionais.   Cabe às forças armadas garantir a ordem, mobilizadas por  um dos três poderes da União. Seria vexatório para a presidente Dilma caso essa iniciativa  viesse a ser  determinada pelo chefe do Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal.   Mas a possibilidade encontra-se em aberto, caso persista a inação do Executivo.

“DESDE QUE NÃO MEXA NOS NOSSOS”

                                                                             
O recado da bancada do PMDB na Câmara transitou pela raça dos Três Poderes: querem os eminentes deputados, em nome da austeridade, que a presidente Dilma diminua o número de ministérios.  Deixaram implícita a contrapartida: “desde que não mexa nos nossos seis ministérios”…

Diziam diversas raposas felpudas do velho PSD, do qual o atual nem arremedo é, que em qualquer entrevero manda a cautela não se deixar o adversário sem saída. Nessa hipótese, ele vira bicho e lutará até a morte. Se a presidente Dilma atender ao conselho dos peemedebistas, poderá começar pela dispensa dos ministros ou a fusão dos ministérios hoje entregues aos partido. E a outros partidos da enfrangalhada base parlamentar oficial.  Nessa hipótese, farão o quê?

O DEDO DO TIO SAM

                                                                             
Pior papel não poderia ter sido feito pela França, Itália, Espanha e Portugal, cujos governos negaram ao presidente Evo Morales, da Bolívia, o direito de seu avião sobrevoar os respectivos  espaços aéreos. Nem se fala do risco de uma pane ou da falta de combustível, no caso  de a aeronave  necessitar  um pouso de  emergência. Proibido sobrevoar, proibido também aterrissar.
                                                                             
Essa truculência exprimiu um ato de profunda covardia por parte das referidas nações. Todas cederam à pressão dos Estados Unidos, tanto faz se feita direta ou indiretamente. O dedo do Tio Sam deixou impressões em todo o episódio,  por conta da suspeita de que no avião boliviano encontrava-se o ex-funcionário da CIA acusado de revelar segredos escabrosos do governo de Washington. O vexame é monumental.
AnteriorPagina Anterior ProximaProxima Pagina Página inicial