Supersalários no Governo do RN: Cortes geram economia de R$ 36 milhões

O corte nos salários de servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas – cujas remunerações ultrapassam o subsídio de R$ 25, 3 mil de um desembargador – deve gerar uma economia ao Estado de R$ 3 milhões/mês ou R$ 36 milhões/ano. A informação é do procurador-geral do Estado, Miguel Josino Neto. No Diário Oficial de ontem, o Governo publicou uma lista composta por 687 contracheques que estão em desconformidade com a decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN), que havia deixado claro desde maio deste ano: “nenhum servidor pode receber vencimentos que superem os percebidos pelos desembargadores”. Sobra polêmica neste caso: os citados ainda vão se defender oficialmente, mas muitos já alegam que os ganhos salariais remontam há anos e seria impensável para o sustento familiar abrir mão de qualquer montante. O Estado argumenta por outro lado a necessidade de cumprir a ordem dada enfaticamente pelo TCE
Miguel Josino Neto lembra que nova lei para fixar teto no Estado está sendo analisadaMiguel Josino Neto lembra que nova lei para fixar teto no Estado está sendo analisada


“Nós iremos fazer – e essa foi uma determinação minha a todos os procuradores – uma defesa intransigente da decisão do Tribunal de Contas”, destacou Miguel Josino. O procurador-geral afirmou que os casos serão analisados pormenorizadamente para evitar erros ou “injustiças”. Não foi dado um prazo específico para que esses servidores, aposentados e pensionistas apresentem os argumentos que os livrarão do corte salarial ou que, contrariamente, serão incapazes de convencer o Estado.
A economia que a administração da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) espera garantir com o corte em alguns vencimentos de servidores não um é alento, por exemplo, para os problemas que se somam há tempos quanto aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para se ter uma ideia, o montante consolidado em 2012 para pagamento dos salários dos servidores ativos e inativos foi de R$ 3,2 bilhões, de acordo com informações do ‘Demonstrativo de Despesa com Pessoal’, disponível no site da Secretaria de Planejamento e das Finanças (Seplan). A redução, portanto, representa menos de um por cento do valor da folha consolidada ano passado.

De acordo com Miguel Josino, essa é, acima de tudo, uma questão de legalidade. “Precisamos cumprir o que decidiu o TCE”, disse ele. Em maio deste ano, o conselheiro Poti Júnior, relator do processo interposto pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas (MPjTCE), ordenou ao Estado a adoção de medidas que tinham a finalidade de adequar à lei os contracheques de todos os servidores do Estado. A determinação valerá também para os demais Poderes (ver retranca). Por falta de uma lei que fixe o teto salarial no Rio Grande do Norte o conselheiro considerou como remuneração máxima o subsídio dos desembargadores.

Maiores salários – A Secretaria de Tributação concentra  o maior número de remunerações acima do teto. Mas há ainda um número considerável de pensionistas de ex-desembargadores, cujas remuneraçõestambém ultrapassam o teto definido pelo TCE. Pela numeração das matrículas dos beneficiados, pode-se perceber que os contracheques investigados pertencem de servidores antigos e não do quadro mais recente.

Decisão

- Em maio deste ano, o Tribunal de Contas do Estado decidiu que por falta da fixação de um teto salarial no Rio Grande do Norte nenhum servidor poderá receber além do subsídio de um desembargador;

- Em cumprimento à determinação do TCE, a Secretaria de Administração e Recursos Humanos instaurou um procedimento administrativo para identificar os casos em desconformidade com a lei;

- Os servidores, aposentados e pensionistas citados terão um prazo para se defender;

- Tribunal de Justiça, Ministério Público e Assembleia Legislativa também deverão comprovar a legalidade das respectivas folhas, no que concerne à remuneração dos servidores.
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