Marcelo Santiago passou na primeira posição em concurso para auxiliar de limpeza
O ex-morador de rua Marcelo da Silva Santiago, 39, foi o primeiro colocado no concurso para auxiliar de limpeza da MGS (Minas Gerais Administração e Serviços), empresa que fornece mão de obra para o setor público. No mesmo concurso, Jusair Santos da Silva, 50, conseguiu passar na 20ª posição.
Santiago viveu nas ruas de Belo Horizonte de maio de 2012 até agosto de 2014, quando foi morar na República Reviver, albergue da prefeitura que é administrado pela arquidiocese da capital mineira.
Antes disso, chegou a trabalhar nos Correios e com telemarketing. A mãe, o irmão e o cunhado se mudaram para o exterior, mas ele decidiu ficar. Desempregado e sem opção, foi morar na rua. Segundo ele, a falta de endereço fixo atrapalhava na hora de buscar um trabalho com carteira assinada.
O agora auxiliar de limpeza vê o novo emprego como um primeiro passo de uma carreira que pretende construir no setor público. Ele já está trabalhando na função, dividindo o tempo com as aulas de administração pública na UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), onde cursa o segundo período.
Jusair comprou apostila com dinheiro do Bolsa Família
Jusair Santos da Silva, 50, é de Paracatu (MG) e viveu os últimos 15 anos como andarilho, desde que se separou da mulher. O sustento vinha do trabalho que aparecia pelo caminho. Ao chegar em Belo Horizonte, passou a viver nas ruas. Hoje, mora no albergue República Professor Fábio Alves, que também é administrado pela arquidiocese.
Com o ensino médio concluído em 1983, ele cursou três períodos da faculdade de Letras. Desde então, diz que não voltou a estudar, mas sempre gostou de ler livros e jornais.
Agora, ele está trabalhando no Hospital João 23 como funcionário da limpeza da cozinha. Ele teve pouco tempo para se preparar para o concurso da MGS. Inscreveu-se 15 dias antes da prova. No período, estudou em biblioteca pública e gastou R$ 45, dos R$ 77 que recebe do Bolsa Família, para comprar a apostila.
Durante os dias de preparação, ele diz que chegou a passar fome em nome dos estudos. Isso porque não conseguiria ir até o restaurante popular para almoçar e voltar para a biblioteca. Segundo ele, quando isso acontecia, tomava uma sopa no restaurante popular, no final da tarde, ou jantava no albergue.
"Sentia muita fome, mas não podia relaxar, meu foco era estudar e passar no concurso", afirma.
(Com informações da Arquidiocese de Belo Horizonte)
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