Foto: TIZIANA FABI / AFP
Durante a Quaresma, os católicos são incentivados a se absterem de
coisas que possam atrapalhar o período de autoexame. Nesta quarta-feira
de cinzas, no entanto, o Papa Francisco adicionou um elemento moderno à
lista de atos dos quais os fiéis devem abrir mão pelos próximos 40 dias:
“trolar” — ou insultar — as pessoas nas redes sociais.
O pontífice fez seu apelo para uma retórica virtual mais amena ao
falar para dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro, no
Vaticano, durante sua audiência semanal que marca a contagem regressiva
para a Páscoa. A Quaresma, afirmou o Papa em um discurso parcialmente
improvisado, é “época de abrir mão de palavras inúteis, fofocas, boatos,
disse-me-disse, e de falar com Deus com intimidade”.
— Nós vivemos em uma atmosfera poluída por muita violência verbal,
muitas ofensas e palavras duras, que são amplificadas pela internet —
disse o papa. — Hoje, as pessoas se insultam como se estivessem dizendo
“bom dia”.
Desde que foi escolhido por seus pares, Francisco tem sido alvo de
insultos em sites católicos ultraconservadores e contas anti-Papa no
Twitter por conta de sua posição progressista para os padrões da Igreja
Católica. O Twitter, em particular, sedia com frequência disputas
verbais entre seus apoiadores e críticos.
Após sua audiência, o Papa participou da tradicional cerimônia da
quarta-feira de cinzas, na qual cinzas foram esfregadas em sua testa. O
ritual serve para relembrar os cristãos da mortalidade e de que, um dia,
também se tornarão pó.
Durante a Quaresma, época marcada por arrependimento, jejum e
reflexão, os fiéis são incentivados a praticar boas ações e se aproximar
daqueles que passam por dificuldades.
O Globo
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