Eleições 2014: Aécio Neves é lançado candidato a Presidente por FHC

Brasília (AE) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), lançaram ontem o senador Aécio Neves (MG) candidato à sucessão da presidenta Dilma Rousseff em 2014. Em resposta, Aécio disse que cumprirá seu papel, só não vai queimar etapas, porque não é produtivo. "A candidatura deve ser decidida no amanhecer de 2014". Disse que está à disposição para andar pelo País, ouvindo mais do que falando. "É hora de o PSDB ouvir o pulsar das ruas. Não se pode perder a coragem de enfrentar desafios." Ele citou o escritor Guimarães Rosa, para falar de seu futuro: "Importante na política não é a largada nem a chegada. O importante é a caminhada."

Wilson Pedrosa/AEFernando Henrique sugere que Aécio Neves assuma não apenas a candidatura presidencial, mas também o comando do PSDB

Tanto o lançamento da candidatura de Aécio Neves quanto a resposta do senador, de que tudo deve ser feito na hora certa, porque o momento é de ouvir o que o brasileiro tem a dizer ao PSDB, foram combinadas entre o ex-governador de Minas Gerais, o ex-presidente da República e Sérgio Guerra. Eles haviam combinado de chegar ao seminário organizado pelo PSDB com os prefeitos eleitos em outubro ao meio-dia, quando juntos participariam de um encontro com jornalistas. Mas se reuniram antes e estudaram o que cada um deveria falar e o outro responder. Por isso, chegaram com uma hora de atraso ao local do encontro com os prefeitos, um hotel no centro de Brasília.

Fernando Henrique não perdeu tempo quando foi indagado sobre o candidato do partido para 2014: "A hora é já. É agora. O nome do PSDB, hoje, é do Aécio. A meu ver, desde já, ele tem de assumir suas responsabilidades, não de candidato, mas de líder do partido, para ele poder começar a percorrer o Brasil imediatamente", afirmou o ex-presidente. Fernando Henrique voltou a falar várias vezes que Aécio deveria assumir a condição de líder. O senador chegou a dizer que um líder não diz que é líder, porque essa não é condição do desejo de cada um.

Foi a vez de Sérgio Guerra dizer que Aécio é hoje o maior líder tucano e deverá ser não só o candidato do partido à sucessão de Dilma Rousseff, mas também o presidente do PSDB a partir de maio, quando vão ser feitas as eleições para substituir justamente o deputado pernambucano no cargo de direção. "O senador Aécio é o candidato da grande maioria do PSDB. Ele deve ser o presidente do partido, é o chefe que precisamos e o líder que desejamos. Não estamos diminuindo ninguém, mas Aécio é o candidato que o PSDB tem para presidente da República. Ele é defendido por 99% de todos os integrantes do PSDB", insistiu ele. O lançamento da candidatura de Aécio Neves foi considerado natural pela direção tucana, visto que uma candidatura de José Serra à Presidência é tida como improvável, dada a derrota do ex-governador para Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Um pouco depois, não mais no encontro com jornalistas, mas no encontro com os prefeitos, Aécio tornou a tocar no assunto. Disse que pretende percorrer todo o Brasil para ouvir a população sobre educação, saúde, segurança, infraestrutura e outros assuntos, para que o PSDB possa fazer um programa de governo que fale a língua dos brasileiros de todos os rincões.

Último a falar no encontro dos prefeitos, Fernando Henrique disse que Aécio ainda não era o candidato à Presidência da República em 2014 porque ainda não é possível dizer isso, porque uma candidatura agora é até ilegal. Mas garantiu que no futuro o senador será o candidato. "Aécio foi surpreendido quando nós dissemos que ele precisava liderar. Ele veio aqui e assumiu a liderança com a maior tranquilidade. Agora, não vamos falar em candidatura, não se pode. Mas, quando for o momento oportuno, ele vai dizer: `É, eu aceito".

Indagado se é possível ganhar da presidenta Dilma em 2014, Fernando Henrique disse que é possível, sim. "Eu ganhei de Lula por duas vezes, no primeiro turno. Quando Lula venceu, nas duas vezes ele foi para o segundo turno. Dilma, que também goza de muita popularidade, também teve de disputar o segundo turno", afirmou o ex-presidente. "Vamos mostrar que tudo o que tem de bom por aí e que o PT se aproveita fomos nós que criamos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Sistema Único de Saúde (SUS), as redes de proteção social, a privatização que deu certo e que nos orgulha da Embraer e da Vale".