Em depoimento para a polícia, o delegado disse que não sabia que o que estava sendo feito era considerado fraude
Visor Político
A advogada Thayana de Moura Macedo, uma das pessoas presas durante a operação ‘Prata da Morte’, realizada pela Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deicot) e que descobriu fraudes em pelo menos 30 pensões por morte pagos pelo Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do RN (Ipern), confessou o crime e apontou o delegado Olavo Dantas Medeiros – que também foi detido – como o chefe do esquema.
As informações foram passadas por delegados da Deicot, que participam das investigações do caso. Além de imputar a responsabilidade para Olavo, a advogada também detalhou outros crimes cometidos pelo delegado, mas o teor dessas acusações não foi divulgado.
Dos outros três detidos, dois deles também confessaram a participação no esquema e afirmaram que Thayana e Olavo eram os mentores das fraudes. Um dos suspeitos, inclusive, disse que foi várias vezes ameaçado por Olavo, caso o esquema fosse descoberto. Em depoimento para a polícia, o delegado disse que não sabia que o que estava sendo feito era considerado fraude.
O caso
A investigação, conduzida pelos delegados Laerte Jardim e Aldo Ribeiro, teve início após a Polícia receber uma informação através do Whatsapp do Disk Denúncia que dava conta de que o delegado Olavo Dantas de Medeiros Júnior teria procurado um homem identificado como José Laercio Ferreira de Melo e feito a proposta de fraudar uma documentação para que Laercio e seus familiares pudessem receber a pensão deixada pelo seu pai, o auditor fiscal falecido, Gonçalo Pereira de Melo. De acordo com a denúncia, a proposta teria sido aceita e o plano executado. Além da pensão, os denunciados teriam recebido ainda R$240 mil que estava depositado na conta do falecido.
As investigações, que tiveram início em fevereiro deste ano, confirmaram a veracidade da denúncia e deram conta de que o esquema contou com a participação de outras quatro pessoas: a advogada Thayana de Moura Macedo, que foi responsável pela realização de um inventário administrativo no 5º Cartório do Alecrim (com renúncia dos herdeiros) e pelo levantamento do dinheiro que estava depositado na conta do falecido, através de um alvará judicial obtido de forma ilegal; Ana Cláudia de Oliveira Dantas e seu esposo, identificado como Expedito, suspeitos de falsificar os documentos utilizados pela quadrilha para fraudar a pensão; e Maria Cosme Sobrinho, que se passou por companheira do auditor falecido.
O montante recebido indevidamente pelo grupo desde o início do esquema já soma cerca de R$600 mil em prejuízo para o Estado. O grupo foi autuado pelos crimes de falsificação de documento particular, falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, uso de documento falso, falso testemunho e peculato. Além desse, outros casos de fraudes em pensões estão sendo investigados no Rio Grande do Norte, possivelmente ligados a essa quadrilha.
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