Por Carlos Chagas
Caso 2014 fosse ano apenas de eleições presidenciais, nem
seria preciso realiza-las. Com um pouco de exagero, até os tucanos
apoiariam Dilma Rousseff, na maior coligação partidária de nossa
História. Não haveria uma única legenda interessada em ficar à margem do
poder.
Como serão eleições gerais, para o Congresso, os governos
estaduais e as assembléias legislativas, mistura-se a equação,
complicando-se as previsões. Por isso o Lula preocupa-se tanto em
manter a coligação que respalda a sucessora. Só por milagre obterá
sucesso, mesmo assim às custas do PT, se os companheiros estiverem
dispostos ao sacrifício. Porque para garantir o apoio a Dilma, o PT
precisará abrir espaço para candidatos a governador do PMDB, do PSB, do
PP, do PR, do PDT, do PSD e penduricalhos. Esses partidos jogarão sua
sobrevivência na tentativa de dominar estados grandes e pequenos.
Disputarão as preferências populares, sem falar nas oposições, com PSDB,
DEM e PPS à frente. E com o PT, se não quiser voltar a ser um pequeno
partido.
Por enquanto, do lado do governo, prevalece a credibilidade nas
promessas de unidade em torno do segundo mandato de Dilma e de uma
educada tertúlia entre os diversos candidatos a governador. Quando as
campanhas esquentarem, porém, será lambada para todos os lados. Atrás do
voto do eleitorado valerá tudo. Esperar a presidente freqüentando os
variados palanques é sonho de noite de verão, devendo a recíproca ser
verdadeira: se ela apoiar um candidato a governador do PT despertará a
animosidade dos demais partidos da base, com reflexo simultâneo nas
eleições presidenciais.
Eis um nó para o Lula desatar, agora que passa a cuidar em tempo integral da coligação.
PERDENDO TEMPO
Vai se completar uma semana desde que o Lula, de público,
manifestou-se pela candidatura de Dilma à reeleição. Aguardava-se que o
governador Geraldo Alckmin fizesse o mesmo com relação a Aécio Neves,
quer dizer, afastando sua própria candidatura presidencial e
contribuindo para a unidade no ninho dos tucanos. Até agora, porém,
nenhum sinal à vista.
SINAL DOS TEMPOS
Tancredo Neves era careca e tinha sua arcada dentária inferior
projetada sobre a superior. Jamais pensou em implante de cabelos ou em
ir ao dentista para corrigir o defeito. Tinha outros objetivos em mente.
Já o neto acaba de passar pelo bisturi para tirar rugas e outras melhorias no visual. Sinal dos tempos...
Fonte: Cláudio Humberto