Por Pedro Luiz Rodrigues
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é uma pessoa muito simpática. Mas quando se trata de fazer política, saiam da frente os adversários, pois seu sorriso aberto apenas dissimula sua natureza de rolo compressor que ao passar vai deixando tudo achatado pelo caminho.
Não é à toa que os petistas estão desconfortáveis com os avanços de Campos. Têm grande prazer em estar no poder e, é compreensível, dele não querem se afastar.
Se Lula se dispusesse a disputar as eleições de 2014, tanto melhor, um problema a menos, pois o governador Eduardo Campos já deixou claro que não concorreria contra o ex-presidente. Mas como tudo parece se dirigir no sentido da recandidatura de Dilma Rousseff, Campos vai buscando ocupar todos os espaços possíveis.
Que o governador pernambucano não brinca em serviço, que o diga a equipe de profissionais de comunicação que o Senador Humberto Costa chamou para sua campanha para a Prefeitura do Recife, no ano passado. Ficaram impressionados com a capacidade do adversário. E a derrota do ex-Ministro da Saúde, tão querido de todos, fez acender luzes amarelas em toda a estrutura do PT.
O governador da Bahia, o carioca Jaques Wagner (PT) acha (pelo menos diz que acha) que Lula estará mesmo fora da jogada para 2014, e que para as próximas eleições o partido deve se unir em torno do nome de Dilma. Tem uma proposta espetacular para livrar-se do transtorno pernambucano: oferecer-lhe a candidatura presidencial em 2018.
Ora, uma proposta dessa natureza não pode ser aceita por um político, que sabe muito bem que milhares de acontecimentos alheatórios nos separam de 2018, muitos dos quais com capacidade de levar à lata de lixo as melhores das intenções e os esquemas mais bem urdidos.
Lula, que não é carioca, mas tem lá suas manhas, preferiria trazer o adversário para mais perto, acomodando-o no vagão de segunda classe, como vice em chapa encabeçada por Dilma. O plano, contudo, tem uma falha essencial: trazer o PSB para a chapa, muito bem, mas o que fazer com o PMDB, que continua a ser a mais poderosa força política do País?
Aparentemente, há muita gente no PT e no Governo que acha que ainda há bastante tempo para uma empurração com a barriga. O PSD vem ficando forte, admitem, mas ainda não é verdadeiramente um partido nacional. Acham que as possibilidades de Campos, de Minas para baixo, são diminutas. Assim, talvez por enquanto, dando tempo ao tempo, o PSB aceite uma posição, um ministério mais ou menos relevante.
Mas pela conversa do governador de Pernambuco, Ministério só se for daqueles polpudos, que ajudem o Brasil a crescer, com uma visão de longo prazo e de diminuição das desigualdades regionais. Campos tem repisado nos últimos tempos sobre a necessidade de se manter a economia nacional em expansão. Do jeito que está não dá, diz, criticando o resultado econômico dos últimos anos: “2011 foi pior que 2010 e 2012 foi pior que 2011. 2013 não será melhor se apequenarmos a discussão política no país”.
Se tem de pensar nos adversários do futuro, Eduardo Campos não pode se descuidar dos aliados do presente. O ex-ministro da Fazenda e ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, do mesmo PSB, deu-lhe recentemente uma cutucada no fígado, ao dizer que lhe faltariam visão e estrada para ser candidato à presidência.
Ciro, aliás, demonstra que não se afastou um centímetro de seu estilo polêmico e agressivo. Em declaração à rádio Verdes Mares, não hesitou em botar todos os possíveis candidatos contra Dilma no mesmo saco:“Eduardo Campos, Aécio e Marina não têm nenhuma proposta, nenhuma visão”.
O PT, obviamente, vai explorar os ciúmes de Ciro e de seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, para tentar neutralizar o ímpeto do pernambucano. Hoje mesmo a Presidente Dilma Rousseff estará recebendo o governador cearense. Na quinta, será a vez de Lula visitar o Ceará.
Mas o quadro no Nordeste é apenas um episódio localizado da disputa eleitoral, que, desta vez, está começando com muita antecedência.
Fonte: Cláudio Humberto