O jornal italiano "La Repubblica" afirmou nesta quinta-feira (21) que o
Papa Bento XVI decidiu renunciar após ter recebido um "informe
ultrassecreto", elaborado por três cardeais, em que é denunciada uma
suposta trama de corrupção, sexo e tráfico de influências no Vaticano.
De acordo com o jornal, em uma reportagem assinada pela jornalista
Concita di Gregorio, o relatório que foi encomendado por Bento XVI a
três cardeais no ano passado - o espanhol Julián Herranz, o eslovaco
Jozef Tomko e o italiano Salvatore De Giorgi -, após vazamentos de
documentos confidenciais em um escândalo que ficou conhecido como
VatiLeaks, revela um sistema de "chantagens" internas baseado em
fraquezas sexuais e ambições pessoais no clero.
O texto de 300 páginas, que se refere a um suposto "lobby gay" dentro
do Vaticano, foi entregue em dezembro ao pontífice, segundo a
jornalista, que não esclarece como teve acesso ao documento.
"Fantasias, invenções, opiniões", retrucou o porta-voz do Vaticano, o
padre Federico Lombardi, após advertir que não comentaria a reportagem e
dizer que os cardeais citados não aceitarão conceder entrevistas.
Com o título "Não fornicarás, nem roubarás, os mandamentos violados no
informe que sacudiram o Papa", o jornal sustenta que o ancião cardeal
espanhol Herranz, da ordem Opus Dei, ilustrou ao Papa no dia 9 de
outubro do ano passado, os "assuntos mais escabrosos" do relatório, em
particular a existência de uma "rede transversal unida pela orientação
sexual".
"Pela primeira vez a palavra homossexualidade foi pronunciada no gabinete papal", relata a jornalista.
O "La Repubblica" sustenta que, durante oito meses, os cardeais
interrogaram muitos prelados e laicos, dividindo-os por congregação e
nacionalidade, e estabeleceram que existem vários grupos de pressão
dentro do Vaticano, entre eles um sujeito a chantagem, a "impropriam
influentiam", por sua homossexualidade.
Outro grupo é especializado em montar e desmontar carreiras dentro da
hierarquia vaticana e outro ainda aproveita para usar recursos
multimilionários para seus próprios interesses à sombra da cúpula de São
Pedro através do Banco do Vaticano, segundo a publicação.
Em uma publicação especial, a revista "Panorama" defende que o
documento será determinante para a eleição do sucessor de Bento XVI, em
um artigo assinado por Ignazio Ingrado.
Para as duas publicações, o Papa se convenceu que um sucessor mais
jovem, forte e enérgico é o melhor indicado para fazer uma limpeza na
instituição milenária e por isso teria decidido deixar o Trono de Pedro
no próximo dia 28 de fevereiro.
Fonte: Globo.com