Fé e Política

Vou debulhando os ensinamentos de Pedro Simon no seu livro Fé e Política, leitura apropriada para esta passagem de ano novo, no findar de um de travessia que foi penosa, o tumulto e as dúvidas das ruas. Leio e anoto, homenageando Nídia Mesquita, o que pensa o grande politico gaúcho:

- Fé e política não são questões paralelas que se encontram, tão somente, no infinito. Não se deve procurar, nos altares, a remissão dos pecados reiterados e cometidos em gabinetes. Quem sabe estejamos, apesar dos fortes sintomas de caos, vivendo a oportunidade de construir um novo tempo. Ou, mais que isso, um tempo novo, como disse o Papa. Há que reverter as prioridades.

- Reitero: enquanto bilhões, na tangência do trilhão, de dólares se esvaem sob o domínio do medo do “risco sistêmico”, exatamente aqueles que só se contentam com o “ter”, são minguados os recursos para os que desejam, tão somente, ser. Outros bilhões são lançados na forma de mísseis, para dizimar populações inteiras. Rastilhos de morte, e não alimentos para a vida. O poder pelo poder. A muralha da vergonha.

- São Francisco de Assis tinha a desconfiança da sua própria igreja, no seu tempo. Afinal, cada vez mais, ele carreava multidões, em nome de uma Igreja sem ostentações; E a sua Igreja lutava pela posse, pelo ter, pelos bens materiais. Talvez o Papa Francisco tenha que enfrentar, também no seu tempo, a mesma desconfiança da sua Igreja. Não apenas por um discurso menos teológico e mais prático, mas principalmente porque muitas vozes até aqui poderosas na Cúria lutam  por espaços políticos de manutenção do status quo.

- A Política também tem a sua “cúria”. Ou incúria. Também nela existem fortes vozes no sentido da inércia. Daí, a imensa dificuldade de ser, hoje, Franciscano no mundo da política. O “dando que se recebe”, da oração de São Francisco, adquiriu conotação contrária, no sentido da barganha, quase sempre desnudada de qualquer princípio ético.

Atrasando o ano

Para boa parte do funcionalismo estadual o ano novo só começará no dia 10 de janeiro, quando o erário pagará seus salários. Aliás, em matéria de atraso o Estado vai bem à frente.

Até o final da tarde de ontem havia dúvidas (ou seriam dívidas?) com relação pagamento dos  aposentados. Quem estava na fila das liquidações vai esperar mais um pouco. Se o plano de saúde permitir.

Café São Luís

Foi reaberto esta semana, depois de passar por uma ampla reforma em suas instalações,  o tradicional Café São Luís, da rua Princesa Isabel (Cidade Alta), lá se vão mais de 60 anos de vida, de muita vida.

Além do cafezinho no pé do balcão, a casa agora tem mesas e seu proprietário, João Antônio da Cruz Neto, quer tudo aquilo transformado num espaço cultural: lançamento de livros, encontro de violeiros e cordelistas, exposição de arte. Esta semana, por exemplo, o Café São Luís expõe a pintura de Grilo.

Sindi

Vários criadores norte-rio-grandenses da raça Sindi pegaram ontem a estrada no rumo de João Pessoa, onde se realizava uma reunião da Associação Brasileira de Criadores de Sindi.

Missa

Está confirmada para a noite do dia 31, terça-feira, às 19 horas, na Praça Cívica da UFRN, a celebração da Missa do Ano Novo. Os celebrantes são o Arcebispo Jaime Vieira Rocha e o cônego José Mário de Medeiros, capelão da UFRN.

Política

Destaque nos jornais do eixo São Paulo/Rio/Brasília:

- A Justiça determinou ao PT de Santa Catarina que pague uma dívida milionária da campanha de Ideli Salvatti ao governo do Estado em 2010. Coisa de R$ 6,3 milhões. O credor se chama Tvídeo. Trata-se da produtora de tevê que prestou serviços ao comitê eleitoral de Ideli, hoje ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

- A decisão foi tomada pela Juiza Rosane Portela Wolff: “Não há dúvidas acerca do direito da autora (Tvídeo) em ser restituída dos valores não pagos pelos requeridos”, anota a magistrada da sentença. O PT catarinense havia declarado à Justiça Eleitoral que a produção visual da campanha custara R$ 2,74 milhões. (Josias de Souza).

Caso clínico

A Câmara de Vereadores de Natal poderá ser presidida por um psiquiatra, o vereador Franklin Capistrano, do PSB, cujo nome surgiu de uma manobra para impedir a reeleição antecipada (mais um mandato) do atual presidente Alkbert Dickson, do Pros. Ambos fazem parte da bancada situacionista.

Como diria mestre Gaspar: “Na Câmara Municipal de Natal acontecem coisas que só um psiquiatra pode explicar”.

Tempo ruim

O “papai noel” não foi o que se esperava. Está nas manchetes de alguns dos principais jornais do país. Na Folha de S. Paulo: “Comércio tem o pior resultado do Natal em 11 anos”. No Estadão, no mesmo tom: “Com crédito contido e juros altos, vendas de Natal decepcionaram”.

O cenário é nacional e o Rio Grande do Norte está contido nele. Tribuna do Norte dava esta manchete em sua edição de ontem: “Comércio tem Natal fraco e lojas fazem promoção”. O subtítulo acrescenta: “o setor diz ter registrado o pior movimento nas vendas em quatro anos”.

Envelhecer

De Mário Quintana: “Antes, todos os caminhos iam. / Agora, todos os caminhos vêm. / A casa é acolhedora, os livros poucos. / E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.”

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