Câmara dos Deputados aprova PEC que torna transporte público direito social

PEC apresentada em 2011 ganhou força após manifestações populares.
Proposta precisa passar por votação no Senado antes de ser promulgada.


A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4) em dois turnos proposta de emenda à Constituição (PEC) que torna o transporte público um direito social. Apesar de alterar a Constituição, o texto não cria parâmetros que estabeleçam a garantia desse direito. A proposta ainda precisa ser votada em dois turnos no Senado antes de ser promulgada pelo Congresso.
A PEC, de autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), foi protocolada em 2011, mas só foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em junho, após as manifestações de rua que se espalharam pelo país.

Caso o texto seja aprovado em definitivo pelo Congresso, o transporte passará a ser mais um direito social garantido pela Constituição. Hoje a Carta Magna estabelece como direito social educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.
Antes de iniciar a votação em plenário, a deputada Luiza Erundina solicitou que o texto fosse retirado de pauta, receosa de que não houvesse quórum mínimo para garantir os 308 votos necessários à aprovação. No entanto, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, segurou a sessão até que houvesse quórum seguro para a aprovação em dois turnos.
A sociedade não vai entender se esta Casa não votar favoravelmente"
Luiza Erundina,
autora da PEC
Erundina lembrou que a mobilidade urbana foi o tema que motivou o início das manifestações populares.
"Este ano, o movimento de rua confirmou o problema grave da mobilidade urbana do transporte público nas grandes cidades. [...] A sociedade não vai entender se esta Casa não votar favoravelmente a esta proposta", declarou Erundina.
Desde que a Constituição foi promulgada, em 1988, os congressistas já promoveram duas modificações no artigo que trata sobre os direitos sociais. Em 2000, foi aprovada emenda que acrescentou a moradia à lista de direitos sociais. Uma década depois, outra emenda declarou que a alimentação também é um direito fundamental dos cidadãos brasileiros.

Na justificativa da proposta, Erundina argumenta que o transporte público deve ser incluído como garantia fundamental dos cidadãos, pois é necessário para o acesso a bens e serviços essenciais.

"O transporte, notadamente público, cumpre função social vital, uma vez que o maior ou menor acesso aos meios de transporte por tornar-se determinante à própria emancipação social e o bem-estar daqueles segmentos que não possuem meios próprios de locomoção", argumentou a parlamentar.

Fonte: Globo.com

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