Aprovação do impeachment de Dilma é destaque internacional



Os principais jornais europeus e americanos tornaram a notícia do impeachment como manchete de suas edições digitais na noite de domingo e nesta segunda-feira. Em meio à repercussão, o governo americano informou, ainda durante a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, através de um porta-voz do Departamento de Estado, que continuava monitorando a situação do Brasil “de perto” e que a deposição da presidente Dilma Rousseff é um assunto interno do país. O órgão ainda lembrou que o presidente Barack Obama, em sua visita no fim de março à Argentina, afirmou que acredita que a democracia brasileira era “madura” com uma estrutura legal “forte o suficiente” para resolver as questões políticas.

A votação do impeachment de Dilma foi a terceira principal notícia desta segunda-feira do “New York Times”. O jornal informou os próximos passos para a remoção de Dilma, lembrando que muitos dos que votaram por sua saída são acusados de corrupção. Na internet, o “New York Times” destacou a notícia como manchete e afirmou que a derrota de Dilma foi muito grande e que o país vivia uma disilusão com o governo do PT, inclusive por parte da população mais pobre, que havia sido beneficiada pelo governo de Lula. O maior jornal dos EUA chegou a emitir alerta a todos os seus seguidores para informar da decisão do Congresso Brasileiro.

O “Washington Post” lembra em sua edição desta segunda-feira que a votação ocorreu a menos de quatro meses dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O principal jornal da capital americana também lembra a “pior crise econômica desde 1930”, a crise da zika e os escândalos de corrupção da Petrobras.


Na Europa, os jornais que abriram suas edições de domingo afirmando que a disputa pelo impeachment estava “voto a voto”, terminaram o dia afirmando que a derrota de Dilma foi muito maior que a esperada. O “El País” lembrou que a traição de deputados da base do governo foi maior que a imaginada. O inglês “The guardian” cita o líder do PT na Câmara, José Guimarães, afirmando que a luta será agora “na Justiça, nas ruas e no Senado”. O “The Guardian” destacou ainda que alguns deputados, como Jair Bolsonaro, aproveitaram seu voto para elogiar a antiga ditadura militar do Brasil, o que, para o jornal inglês, significa que o ambiente político continuará conturbado após esta votação.



O espanhol “El Pais” lembrou que toda a votação foi conduzida por Eduardo Cunha, o deputado evangélico acusado de ter várias contas nas Suíça com recursos desviados da Petrobras, “um sintoma da estatura moral de boa parte do Congresso brasileiro”. O também espanhol “El Mundo” destacou que muitos deputados, na hora de votar, citavam Deus, religião e família, além do tom jocoso do “tchau, querida”, contra a presidente.

O francês “Le Monde”, que emitiu alerta a seus leitores, afirmou que Dilma acreditou na vitória “até os últimos minutos” e que ela está pagando não pelas “pedaladas fiscais, mas por seus erros políticos, diplomáticos e econômicos”.




As principais TVs americanas, contudo, não deram muito destaque para a edição no tempo real. O impeachment, por exemplo, não deu a notícia entre as “breaking news” nas redes MSNBC e FoxNews. A CNN também não deu muito destaque ao tema.

Ao contrário do que ocorreu em meados de março, o exterior não registrou grandes manifestações a favor do impeachment. Foi registrado, segundo jornais loicais, alguma movimentação de brasileiros em grandes cidades da Europa, como em Lisboa, a favor do impeachment, ou em Paris, a favor do governo petista. Em Washington, capital dos Estados Unidos, apenas três adultos e duas crianças protestaram contra o governo, contrastrando com as dezenas de pessoas que se reuniram diante do consulado brasileiro na cidade.

– Acredito que as pessoas desanimaram porque alguns partidos políticos estão tomando conta da manifestação. Não queremos Temer também e provavelmente vamos protestar contra eles – afirmou Ricardo Guerreiro, um dos organizadores do protesto, e que mora há dez anos nos EUA.

O americano Bob Vittel veio protestar porque já morou várias vezes no Brasil e está voltando para lá:

– além de me preparar pra morar no vim protestar pois sou contra a corrupção em qualquer lugar do mundo – disse.

O Globo

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