Adriano Machado/Reuters
Aprovado pela Câmara dos Deputados neste domingo (17), o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi entregue ao Senado nesta segunda-feira (18). O documento tem 36 volumes e 12.044 páginas.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presidiu a sessão de domingo (17), foi pessoalmente ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para formalizar a entrega.
Avalizado o andamento do impeachment pela Câmara, caberá agora ao Senado decidir pela abertura do processo e posterior julgamento da presidente. Segundo Renan, o processo será lido nesta terça-feira (19) na sessão deliberativa do plenário.
"É papel do Senado instaurar o processo, julgar e pretendemos fazer isso com absoluta isenção e neutralidade", afirmou o presidente da Casa.
O processo impresso foi levado em um carrinho até a secretaria-geral da Mesa do Senado.
Na terça pela manhã, Renan vai reunir os líderes partidários para discutir os prazos e a proporcionalidade de cada bancada para a composição da comissão.
"O mais idoso irá convocar a comissão que vai eleger por votos o presidente e o relator. Esta comissão funcionará para dar parecer sobre a admissibilidade ou pela inadmissibilidade e voltará para ser a comissão processante", explicou Renan.
Publicamente favorável ao impeachment de Dilma, o presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RO), defende agilidade na tramitação do processo. Segundo explicou, após a leitura em plenário, na terça, os partidos terão que indicar os membros para a comissão, que será composta por 21 senadores.
"Vai ficar claro os partidos que querem indicar e quem quer postergar. A partir dessa visibilidade a sociedade começa a se manifestar", disse Jucá.
Criticado por aliados de Dilma por realizar manobras para acelerar o processo na Câmara, inclusive convocando a sessão de votação para um domingo, Eduardo Cunha disse esta tarde que não cabe a ele "determinar ou elogiar a forma como o Senado decidir fazer".
"Da mesma forma que o presidente Renan nunca comentou a situação como na Câmara ia ser conduzida, a única coisa que eu argumento é que é um processo que, a partir do que a Câmara autorizou, a demora é muito prejudicial ao país, porque você está com um governo que ficou meio governo".
O presidente da Câmara falou ainda que, assim como os deputados foram pressionados em seus votos, os senadores devem receber o mesmo tipo de tratamento.
"Agentes sociais, movimentos de rua, tudo isso que aconteceu fez parte do processo de admissão. Os senadores vão receber também, se é que já não estão recebendo", completou.