Dilma ou Papai Noel fora de época?

Por Carlos Chagas


                                                                  Segunda-feira foi em Brasília, diante dos novos  prefeitos do país inteiro. Ontem, em  Sergipe, na presença de considerável aglomeração popular. Ainda esta semana, outros estados do Nordeste. Depois, segundo  a programação oficial, viagens por todo o território nacional,  com estados visitados mais de uma vez, sempre com o mesmo propósito.
                                                                 É a Nova Dilma, distribuindo benesses feito um Papai Noel  fora de  época.  Não está  iniciando, mas certamente desdobrando e  inflando uma estratégia destinada a chegar a outubro do ano que vem com índices de popularidade e apoio político e partidário capazes de garantir-lhe a inevitável reeleição. Claro que a entrega  de obras e a distribuição de recursos exprime um fim em si mesmo, o cumprimento de um programa de governo, mas é evidente o acoplamento dos dois objetivos.
                                                                  Para os mais de 5.500 prefeitos ela  anunciou a liberação de 66 bilhões de reais para  saneamento, pavimentação de estradas, construção de creches, escolas e  postos de saúde, distribuindo de tabela motoniveladoras e retroescavadeiras. Uma festa, também com direito a recursos para os municípios saldarem suas dívidas com a Previdência Social.
                                                                  Para os sergipanos, a inauguração da ponte Gilberto Amado, ligando duas importantes cidades, um parque eólico em Barra dos Coqueiros, além de máquinas para obras rodoviárias naquele município e investimentos federais para todo o estado. Não vem ao caso se o governador Marcelo Deda, feliz como um pimpolho na véspera do Natal, é do PT e um dos mais ardorosos defensores do segundo mandato para a presidente. Governadores de outros estados e de outros partidos, até adversários,  receberão presentes iguais.
                                                        Essa blitz estava prevista, ainda que não para tão cedo. Afinal, boa parte dos projetos do PAC deixaram de  se completar. A rodada  de inaugurações, no entanto, apóia-se em obras finalizadas, ou quase, pela razão política: a presidente terá sentido estar perdendo bases e espaço partidário  a partir da especulação de que o Lula poderia ser o candidato em 2014. Setores do PT, descontentes com ela, começaram a tentar seduzir o ex-presidente meio desocupado e até carente de voltar ao centro do palco. Coube ao próprio Lula mandar desmentir a hipótese, mas só essa operação não bastava. Tornou-se necessário um movimento da própria Dilma, planejado e desenvolvido por ela.
                                                        A pergunta que se faz é se a presidente e seu governo terão fôlego para prosseguir no mesmo ritmo até as eleições, durante o  ano e oito meses que nos separam delas.

Fonte: Blog de Cláudio Humberto
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