Namoro de Miss Bumbum com cadeirante gerou comentários na internet.
Modelo lamenta preconceito e diz ter 'vida sexual normal, como
Dai
Macedo e o namorado Rafael Magalhães posam para foto: o fato de ele ser
cadeirante repercutiu entre os internautas (Foto:
Reprodução/Instagram/Dai Macedo)
A avalanche de comentários ofensivos de internautas depois da
publicação de fotos da modelo Dai Macedo, eleita Miss Bumbum 2013, ao
lado do namorado, o advogado Rafael Magalhães chocou o casal. Rafael é
cadeirante, e as mensagens sugeriam que um homem nesta condição não
teria condições de satisfazer sexualmente uma mulher como Dai. Médicos e
psicólogos ouvidos pelo G1 afirmam, porém, que pessoas com deficiência física podem sim ter uma vida sexual ativa e saudável.
"Temos uma vida sexual normal, como a de qualquer outro casal. As
pessoas deveriam, na verdade, pesquisar e se esclarecer antes de ficar
comentando sobre o que não sabem", diz a modelo goiana.
Dai, de 26 anos, conheceu Magalhães, de 31, pelo Facebook. Depois de
trocarem mensagens, conheceram-se pessoalmente e começaram a namorar há
oito meses. A cadeira de rodas não foi um obstáculo. A modelo só lamenta
que a relação tenha trazido à tona tanto preconceito.
Quanto ao preconceito, na opinião dos especialistas, ele deve ser
combatido com informação. "Quando a gente está de fora é muito diferente
de quando a gente está dentro da situação e sente o preconceito na
própria pele. A gente está em pleno século 21 e as pessoas são muito
alienadas", diz Dai.
Ela comenta que o namorado ficou chateado com toda a exposição. Mas que
o casal não vai deixar de aparecer em eventos públicos por causa da
polêmica. "Estamos bem tranquilos, a gente entende que a sociedade não
consegue ver as coisas de forma natural, então bola pra frente."
Modelo foi escolhida a brasileira com o bumbum
mais bonito (Foto: Divulgação/ Miss Bumbum)'Sexo começa na mente'
Para o psicólogo Paulo Tessarioli, especialista em sexualidade humana, o
preconceito está relacionado à crença de que o prazer do sexo está
ligado exclusivamente ao corpo. "O corpo é apenas um instrumento do
prazer: o sexo começa na mente", explica Tessarioli.
O médico fisiatra Marcelo Ares, especialista em reabilitação de lesão
medular da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), conta
que quando alguém pergunta como fica a vida sexual da pessoa com
deficiência, ele costuma responder: "Ela não fica, simplesmente
continua. Existem diversas possibilidades, como a descoberta de novas
zonas erógenas, e tudo isso faz parte do processo de reabilitação".
Ele explica que, dependendo do tipo de lesão medular, o homem pode
conseguir manter uma ereção duradoura ou não. Caso a ereção não seja
satisfatória, medicamentos como o Viagra são capazes de melhorar o
desempenho. Há inclusive estratégias que possibilitam a ejaculação,
embora possam ser mais complexas.
Para-orgasmo
Uma questão mais delicada é a sensibilidade do órgão sexual, que pode não ser recuperada. No entanto, mesmo sem nenhuma sensibilidade na região, o estímulo no local é capaz de promover a ereção por reflexo, segundo o especialista. "O fato de conseguir ter uma ereção já é psicologicamente muito significante para o homem."
Segundo o especialista, o estímulo a outras regiões do corpo podem
levar a pessoa a atingir uma intensa sensação de prazer similar ao
orgasmo, denominada para-orgasmo.
Tessarioli lembra que é muito importante que a pessoa com deficiência
física seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar que aborde a
questão da sexualidade. "Muitas vezes, o cadeirante consegue ter relação
sexual com penetração, isso não é raro." O segredo, segundo o
psicólogo, é o paciente aprender a conviver com uma nova forma de
sexualidade e descobrir novas maneiras de sentir prazer.
Dai Macedo posta fotos no Instagram com o namorado Rafael Magalhães (Foto: Reprodução/Instagram/Dai Macedo)
Fonte: G1/SP