Governador Robinson Faria não acredita que Henrique punirá o RN por ter sido derrotado nas urnas

Robinson Faria afirma que precisa da parceria com Governo Federal para tocar projetos turísticos do RN

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O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse esperar ter uma boa parceria com o ministro do Turismo, seu adversário na eleição passada, Henrique Eduardo Alves (PMDB). Em entrevista aos jornalistas Marcos Aurélio de Sá, Túlio Lemos e Enio Sinedino, no Jornal das Seis, da FM 96, nesta quinta, o governador avaliou a nomeação do novo ministro e abordou outros temas.

Robinson, que tem priorizado o segmento do turismo, afirmou que tem projetos que necessitam de parceria com o governo federal e disse que irá procurar o novo ministro para tratar de assuntos de interesse do RN. “Não fui a sua posse, mas temos projetos para levar ao novo ministro. E, sendo norte-rio-grandense, não será porque disputou com Robinson que Henrique deixará de ajudar seu Estado. E também será cobrado pela população como ministro do Turismo para que traga coisas boas para o RN”, disse Robinson.

No turismo, o governador comemora a conquista de novos vôos para o Estado. Graças à redução do ICMS incidente sobre o querosene de aviação, primeira medida do seu governo visando incentivar o turismo, várias companhias áreas estão buscando o estado para abastecer suas aeronaves, o que favorece a vinda de turistas para o Estado, devido ao barateamento das passagens aéreas.

“Nossa equipe de turismo é muito boa. Quero parabenizar o trabalho feito pelo secretário Ruy Gaspar. O turismo no RN sempre foi tratado com desdém e desprezo. Nosso governo está sendo diferente, trabalhando com gente da área, que tem feito um trabalho espetacular. A ascensão do ex-deputado Henrique ao Ministério do Turismo vai ser boa para o Estado. Até porque o nosso governo está elegendo como prioridade a cadeia do turismo”, analisou.

DESARMAMENTO

Além de avaliar a importância de ter um potiguar à frente do Ministério do Turismo, o governador do Rio Grande do Norte abordou o desarmamento político da eleição de 2014. Ele elogiou as posturas do senador Garibaldi Filho (PMDB) e dos deputados federais Felipe Maia (DEM) e Rafael Motta (PROS), ao participarem, junto com o governador e outros integrantes da bancada federal potiguar, em reuniões nesta semana nos ministérios em Brasília.

Robinson afirmou que a eleição passou e que espera contar com a boa vontade da classe política do Estado para ajudar a superar as adversidades estaduais. “A eleição passou. Agora o partido é o RN. Quando vier s eleição de novo, cada um segue com o seu grupo político”, disse ele. “Eu espero contar com a boa vontade (da bancada federal). Anteontem mesmo quando fui ao ministro dos Transportes e da Integração tratar sobre as barragens o senador Garibaldi e os deputados Rafael e Felipe Maia nos acompanharam”, citou o governador.

Para Robinson, a postura dos congressistas demonstra que “estão começando a se unir ao governador nos pleitos do estado” E conclui: “Isso é muito bom. Meu reconhecimento e aplauso ao desarmamento político de 2014. Quando estou indo a Brasília, estou tendo apoio da bancada federal de forma plural. Isso é muito bom”.

“População pode confiar no nosso governo solidário e que vai combater desigualdades”

Ainda em sua entrevista ao Jornal das Seis, governador Robinson Faria afirmou que a população pode continuar confiando no seu governo, que visa combater as desigualdades sociais, ser solidário, inovador e moderno. “Dizer à população que pode continuar a confiar no nosso governo. Governo do bem que vai combater as desigualdades sociais, da solidariedade, da inovação e da modernidade”, afirmou.

Robinson deixou claro, entretanto, que a maior barreira à realização de um governo com este foco é a falta de recursos financeiros, agravada em razão da crise econômica. “A principal barreira é a falta de dinheiro. É a financeira. Meramente financeira”, afirmou, ao ser abordado sobre o tema.

O governador destacou que o Estado tem feito o dever de casa ao procurar cumprir com o decreto administrativo que determinou enxugamento dos gastos em cerca de 30 das despesas correntes em todos os setores da administração, à exceção de saúde, segurança e educação. “Estamos economizando bastante. Só estamos investindo dinheiro em saúde, medicamentos, segurança pública, diárias operacionais, pondo policiais nas ruas, espalhados nos bairros”.

Ao falar sobre a folha de pagamento dos servidores, a principal despesa do Estado, que consome quase 60% de todo o orçamento, o governador aproveitou para esclarecer, mais uma vez, a utilização de recursos do Fundo Financeiro Estadual. Segundo ele, os recursos estão sendo usados para pagar os servidores.

“Com relação à folha de pagamento, estamos utilizando o fundo. Eu fui ao Ministério da Previdência, entreguei um plano de recuperação e devolução dos recursos do Estado ao longo dos quatro anos. Utilizei os recursos porque não tinha como pagar o servidor. Encontrei o estado com os cofres vazios, e o estado não podia parar. Não era justo um médico, um enfermeiro, policial militar, um pai de família trabalhar o mês todo e no final do mês não receber o seu salário. Para honra o salário do servidor, eu preferi utilizar o recurso do Fundo, que a Assembleia aprovou através de lei, portanto uma medida legal, para poder ter o servidor em dia. Até porque meu governo será de valorização do servidor publico”, frisou.

Segundo Robinson, aposentados e pensionistas também são respeitados pela sua administração. “Antigamente os inativos e pensionistas eram tratados com cidadão de terceira categoria, quando sobrava dinheiro se pagava a eles. Hoje primeiro mando pagar o inativo para depois pagar os ativos para valorizar os aposentados do nosso estado”.

Herança de quase R$ 900 milhões em dívida

O governador Robinson Faria confirmou ter herdado da gestão passada cerca de R$ 900 milhões em dívidas. O total é resultante da soma de uma dívida inicialmente constatada, em torno de R$ 680 milhões, com outra, mais recentes, descoberta em relação à Petrobras, no valor de 180 milhões.

“A situação era muito pior do que eu imaginava. A transição teve um período curto. Não tivemos informações completas. Eu sabia que a situação era difícil. Quis ser candidato, gosto de desafio. Mas estou para resolver e não vou ficar me desculpando”, disse, justificando a razão pela qual não culpa o passado pelo caos no Estado.

Robinson voltou a dizer que encontrou o RN em situação de decadência econômica. Com a crise econômica, o quadro tende a se agravar. Por isso, a necessidade de redução das despesas. “Tomamos medidas austeras de redução de custeio. Fiz um decreto em que reduzia 30% o custeio em todas as secretarias, exceção de três. Estamos estudando contratos de terceirização para diminuir valores, de acordo com vencimentos”, disse.

EQUIPE

Robinson disse que sua preocupação é não cometer o que classificou de estelionato eleitoral, ou seja, fazer diferente do que prometeu em campanha. “O bom é não cometer estelionato. Prometi um governo técnico. Foi uma das bandeiras da minha eleição e a população concordava. Antes se terceirizava o governo através de partidos e padrinhos políticos. Acabei com essa cultura atrasada e montei uma equipe com critério técnico e ouvindo a sociedade”.

Para ele, a técnica como prioridade e a honestidade e a transparência como motivadores morais compõe o eixo da sua administração. “A avaliação que faço, com honestidade, transparência, é de que nós conseguimos, nesses seis meses, impor um ritmo que lutei para que se evidenciasse: o governo resgatou a credibilidade da população nesses dias, e a confiança nesse novo governo, e na forma de governar”.

Segundo governador, agilidade do IDEMA gera segurança jurídica

O governador ressaltou a emissão de cerca de 800 licenças ambientais pelo IDEMA nesses pouco mais de três meses como um avanço no setor de desenvolvimento estadual. “O IDEMA está mais ágil e transporte”, disse, confirmando o lançamento, nos próximos meses, da Central do Empreendedor. Para a área, ele disse que está reformulando o PROADI, programa de incentivos fiscais do governo estadual, junto com a FIERN e outras entidades, objetivando tornar o estado atrativo para novas indústrias.

Em relação ao sistema prisional, que recentemente foi foco de crise, ele afirmou que o estado tem um déficit de quatro mil vagas. “Outra herança. Temos um déficit de 4 mil vagas, o que não se faz do dia para noite”. Ele citou dificuldades causadas até pela população, ao se colocar contra a construção de presídios, como o que está projetado para ser construído em Ceará Mirim. “O presídio tem reação popular, ninguém quer presídio, mas quer segurança”.

Sobre o momento mais agudo da crise, Robinson desabafou: “Arrisquei o meu mandato. Se acontecesse uma tragédia, mas eu não cedi. Tive a sorte e a boa vontade do governo federal, do ministro Eduardo Cardozo. Passei três noites sem dormir até trazer para Natal a força Nacional e conseguimos frear aquela tragédia que nem cidades como São Paulo, Florianópolis e estados como Maranhão conseguiram frear. E nós conseguimos em 48 horas e ninguém olha isso. Só falam para reclamar e não olham que o governo resolveu em dois dias”.

Para o setor, o governo agora estabelecerá metas. “Já tem diagnostico, depois teremos planejamento da situação do RN na Segurança Pública, e vamos assinar o convenio do “Brasil Mais Seguro”, com todas as metas em quatro anos. Contratei o melhor consultor do Brasil em segurança pública, que atuou em Recife, a cidade mais perigosa, hoje a mais segura”.

“Natal vai ser a primeira capital do Brasil 100% saneada”

Robinson voltou a dedicar parte das atenções para a capital do Rio Grande do Norte. Ainda em sua entrevista, ele disse que assegurou junto ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab, o convênio que pretende o repasse de R$ 400 milhões para sanear toda a capital do Estado. “Temos a consagração de R$ 400 milhões para sanear Natal em convênio com o ministério das Cidades. Natal tem 30% saneado na Zona Sul e a Zona Norte, só 3%. Já temos a licença ambiental e todas as demandas resolvidas. Vou dar nos próximos dias a ordem de serviço e Natal vai ser a primeira capital do Brasil 100% saneada”.

Obras como a duplicação da Reta Tabajara também estiveram entre as tratativas de Robinson nesta semana em Brasília. “A obra está parada porque o projeto executivo foi mal feito, erros topográficos, nenhuma construtora iria executar essa obra, e tinha que ter refeito o projeto. O ministério não tinha identificado problema. O general Fraxe, nosso presidente do DER, identificou o problema e o ministério reconheceu e irá refazer o projeto”.

Robinson abordou a previsão de retomada das obras como o prolongamento da Avenida Prudente de Morais. “Conseguimos vencer os entraves burocráticos. Vamos brevemente retomar”. Com os recursos, ele destacou que o Estado dará continuidade as obras do Pró-Transporte que visa a ligar a ponte Newton Navarro à BR 101 com novo acesso para o aeroporto.

Sobre a terceira ponte sobre o Potengi, destacou que o projeto ficou caro, mas não desanimou. “O ministro Gilberto Kassab nos garantiu que governo vai fazer, mas precisa de contrapartida do Estado. Não desanimei. Vou fazer. Uma ponte simples, para a mobilidade. Mas preciso aprovar o crédito para o Estado ter dinheiro para a contrapartida. Os recursos serão para as indenizações e contrapartidas, inclusive da terceira ponte”.

Por fim, Robinson abordou as ações focadas no setor de recursos hídricos, fundamentais para minimizar o impacto da seca. “Teremos a continuidade da adutora do Alto Oeste e a retomada da barragem de Oiticica. São obras definitivas”.
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