Nomeação de Henrique é jogada política de Dilma, aponta a imprensa nacional

Folha de SP, Estadão e O Globo ressaltam interesse político do Governo Federal com a posse do peemedebista



“O novo ministro, Henrique Eduardo Alves, é mais um que assume sem conhecer o setor”. Essa foi uma das frases do colunista da Folha de São Paulo, Bernardo Mello Franco, comentando a posse do potiguar no Ministério do Turismo, em substituição a Vinícius Lages, apadrinhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Bernardo Mello Franco foi um dos vários jornalistas que perceberam o interesse político existente por trás da nomeação de Henrique para a pasta.

“Foi nomeado porque perdeu a eleição para o governo do Rio Grande do Norte e ficou sem emprego público pela primeira vez em quatro décadas, após 11 mandatos consecutivos de deputado. Sua principal tarefa nada tem a ver com o turismo. O que Dilma Rousseff espera é usá-lo para amaciar as relações com a bancada do PMDB na Câmara”, afirmou o colunista da Folha de SP.
Bernardo Mello Franco, vale destacar, não foi o único a apontar o interesse político na nomeação do potiguar no Ministério do Turismo. O blogueiro Ricardo Noblat, do jornal O Globo, publicou texto intitulado “Agora é a vez de Eduardo Cunha ficar amiguinho de Dilma”, ao tratar da posse do novo ministro. “Michel Temer, novo coordenador político do governo, pediu a cabeça de Vinicius e Dilma deu. No lugar dele, entrou o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, afilhado de Eduardo”, escreveu o blogueiro.
“Na tentativa de reforçar a articulação política e melhorar a relação com o PMDB, a presidente Dilma Rousseff empossou na tarde desta quinta-feira o novo ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves”, citou matéria publicada no site do jornal O Globo sobre o assunto.
Destacando a fala de Henrique pregando a reaproximação entre PT e PMDB, a Folha também ressaltou em sua reportagem sobre a posse do novo ministro e perfil “apaziguador” do ato da presidente Dilma Rousseff. Destacou, também, o apadrinhamento feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, a Henrique Alves. “O novo ministro, por sua vez, tem apoio do presidente Eduardo Cunha, responsável por sucessivas derrotas do Planalto na Casa”, acrescentou a matéria.
No jornal Estadão, o destaque foi semelhante. “Cunha apadrinhou a indicação de Alves para o ministério após ele não ter entrado na lista de investigados na Operação Lava Jato. A ida de Alves – ex-deputado federal de 11 mandatos consecutivos que perdeu a eleição para o governo potiguar em outubro – visa a reforçar a atuação do governo com o Congresso. O vice-presidente e novo articulador político, Michel Temer, também é aliado de Alves”, citou o jornal, em reportagem escrita por Ricardo Brito e Rafael Moraes Moura.
Destacar esse “perfil” da escolha política não foi por acaso. A própria Dilma Rousseff, no seu discurso, ressaltou esse lado “articulador” de Henrique Alves. “Para Dilma, a presença de ministro no governo ‘reforça a nossa capacidade administrativa’ e a ‘ação política na área do turismo’, características consideradas por ela indispensáveis para o setor”, acrescentou a reportagem.
Após nomear Henrique, Governo planeja fazer cortes no Turismo
O colunista Cláudio Humberto também comentou a posse de Henrique Eduardo Alves no Ministério do Turismo e não ficou apenas no fato que pareceu claro para a imprensa nacional, que a nomeação dele teve o objetivo de apaziguar os ânimos do PMDB na Câmara dos Deputados. Cláudio Humberto foi além: disse que Dilma teve que “engolir” Henrique mas, em troco, cortará o orçamento da pasta gerida agora por ele.
“Dilma teve de aceitar a nomeação do ex-deputado Henrique Alves para o Ministério do Turismo, apesar do seu conhecido desprezo por ele, mas a vingança será maligna: vai promover uma cruel lipoaspiração no orçamento, que já está ‘no osso’, atribuindo-a ao ‘ajuste fiscal’ para evitar a fúria do deputado Eduardo Cunha, padrinho do novo ministro. Em 2014, o orçamento sofreu corte de 50%. Agora perderá mais 22%”, afirmou Cláudio Humberto.
O comentarista político, que até bem pouco tempo tinha sua coluna publicada no jornal Tribuna do Norte, pertencente a família de Henrique Eduardo Alves, também lembrou a adoração do novo ministros por jatinhos da Força Aérea Nacional (FAB). “Henrique Alves, que adora jatinhos, não poderá fazer pose chegando a Natal em aviões da FAB, depois das restrições impostas pelo Planalto. Quando presidiu a Câmara, Henrique Alves usou jatinho da FAB para levar amigos ao Maracanã num domingo, em 30 junho de 2013″, acrescentou.
Em notas anteriores, Cláudio Humberto já havia revelado que a presidente Dilma Rousseff não “suportava” Henrique Eduardo Alves, mas estava tendo que “engolir” o ex-presidente da Câmara dos Deputados como forma de acalmar os ânimos da bancada peemedebista e do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha. Nos últimos tempos, o Governo Federal tem sofrido seguidas derrotas no Legislativo de Brasília.
Henrique: “Minha tarefa é fazer do turismo uma agenda econômica”
Considerado um grande articulador, tendo sido já líder do PMDB e presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves prometeu se empenhar nesse novo “desafio” no Ministério do Turismo. Ciente do seu papel também de apaziguador de ânimos, o ex-parlamentar, segundo a imprensa nacional, disse que trabalharia para aproximar o governo federal do legislativo.
“Minha primeira tarefa é fazer do turismo, cada vez mais, uma agenda econômica, social e política do Brasil. Essa é minha tarefa principal. Minha relação com Michel, de muito tempo, vai ajudar nessa tarefa de articulação, porque é importante não só para o governo, mas para o Brasil, de ter maturidade e responsabilidade. O país vai atravessar esta crise que, se Deus quiser, será passageira”, afirmou Henrique Eduardo Alves.
O novo ministro, porém, evitou o confronto interno do PMDB, noticiado por alguns veículos, consequência da exoneração de Vinícius Lages da pasta. Este era indicado do atual presidente do Senado, Renan Calheiros, que não tinha ficado satisfeito com a substituição e, até, faltado a posse do novo ministro.
“Não quer dizer isso (que Calheiros está insatisfeito), porque Eduardo Cunha não pode estar aqui também e não tem nenhuma sinalização disso. São agendas diferenciadas, mas, com certeza, Renan, pela sua experiência e pela sua responsabilidade, estará junto nesta tarefa de aproximar o Congresso dos demais Poderes, para o bem do Brasil”, amenizou Henrique Alves.
Pela manhã, em contato com O Jornal de Hoje, Henrique Alves já havia dito que encarava a posse no Ministério do Turismo como um novo desafio e pretendia servir ao seu estado, o Rio Grande do Norte, e ao Brasil.
REPERCUSSÃO ESTADUAL
Durante a sessão plenária desta quinta-feira, os deputados comentaram a nomeação do ex-presidente da Câmara Federal, Henrique Alves (PMDB), para o cargo de ministro do turismo. O deputado Gustavo Fernandes (PMDB) afirmou que o turismo é uma bandeira defendida pela Casa e apostou em uma parceria entre o Ministério do Turismo e o Governo do Estado.
“Acredito que o novo ministro será um forte aliado do Governo em favor do resgate e ressurgimento da atividade turística no Estado”, disse Gustavo. Segundo o parlamentar, o turismo vem dando sinais de melhora e já apresenta para o período atual um índice de ocupação de cerca de 20% a mais que o ano anterior.
Para o deputado George Soares (PR), a nomeação de Henrique representa um ganho para o Estado. “Henrique será um ministro presente e que trará mais investimentos para o Rio Grande do Norte”, afirmou o parlamentar. George ressaltou que o setor turístico sofreu fortes abalos nos últimos anos, mas que denota um mecanismo de imprescindível geração de emprego e renda para o Estado.
O deputado Jacó Jácome (PMN) avaliou que a nomeação de Henrique foi uma atitude acertada do Governo Federal por toda a história e perfil de liderança do ex-parlamentar. “Torço para que o ministro contribua ainda mais com o desenvolvimento do Estado. Espero êxito em sua gestão e estou certo de que o Rio Grande do Norte terá ações concretas para o setor”, declarou Jacó.
Segundo o deputado Dison Lisboa (PSD), a larga experiência de Henrique Alves trará benefícios para o RN. “O Estado necessita desse apoio no setor, uma vez que as nossas belezas naturais são nossas principais riquezas”, disse o parlamentar.
Em pronunciamento, o deputado Tomba Farias (PSB) elogiou a nomeação de Henrique e destacou que o novo ministro irá alavancar o turismo estadual. O parlamentar ressaltou os investimentos já trazidos por Henrique para o RN ao longo de toda a sua trajetória política.
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