Marta Suplicy entrega carta de desfiliação após 33 anos no PT

A senadora Marta Suplicy protocolou nesta terça-feira (28) sua carta de desfiliação do PT. Segundo fonte do diretório estadual, o departamento jurídico do partido está avaliando o documento e deve se pronunciar em breve sobre o assunto.

A senadora não se filiará imediatamente a nenhuma outra legenda, mas seu destino mais provável é o PSB. Ela deve concorrer à Prefeitura de São Paulo pela sigla em 2016. Uma das fundadoras do PT, Marta vinha de um processo de desgaste com o partido desde a campanha eleitoral de 2014, quando foi preterida na disputa pelo governo paulista. Neste ano, deu várias entrevistas e declarações criticando duramente o PT.

Na carta, Marta Suplicy diz que o papel "protagonista" do PT no que chamou de "um dos maiores escândalos de corrupção" é a razão principal para deixar o partido que ajudou a fundar. A senadora destaca que é certo que "mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver sua direção nacional", afirmou, sem citar os desvios na Petrobras e o ex-tesoureiro João Vaccari, preso na operação Lava Jato.
Marcelo Camargo/ABrSenadora ainda não definiu novo partido, mas deverá ir para o PSBSenadora ainda não definiu novo partido, mas deverá ir para o PSB

Em documento protocolado na manhã de hoje nos diretórios municipal, estadual e nacional do partido, a senadora diz sentir que os princípios e o programa partidário do PT "nunca foram tão renegados pela própria agremiação". Segundo ela, as investigações diárias que envolvem membros do partido são motivo não só de "indignação" como de "grande constrangimento". O documento deve ser divulgado pela senadora ainda nesta tarde pelas redes sociais.

Marta, que já vinha demonstrando publicamente sua insatisfação com o partido e com o governo da presidente Dilma Rousseff desde o ano passado, quando saiu do Ministério da Cultura, disse ainda que, por ter acreditado nos "propósitos éticos" da carta de princípios do PT, não tem agora como "conviver com esta situação sem que esta atitude implique uma inaceitável conivência."

Segundo a senadora, ela tentou exigir providências do partido e reverter a situação, mas não foi ouvida. "Percebi que o Partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para o diálogo com suas bases e seus filiados", afirmou. "Fui isolada e estigmatizada". Marta disse ainda que o PT não parece interessado ou não tem condições de resgatar seu programa e se distanciou completamente de seus fundamentos.

A ex-petista acusa ainda a direção do PT de restringir e cercear seu desempenho nas atividades partidárias. "O que é mais grave, (cerceando) minha atividade parlamentar oriunda da representação política de meu mandato", escreveu.

A senadora disse vivenciar "o mais difícil e o pior momento" de sua vida política e afirmou que vive hoje uma situação de constrangimento junto à bancada do PT e no Plenário do Senado. "Tenho me furtado a discursar e emitir minhas opiniões por me negar a defender um partido que não mais me representa, assim como a milhões de brasileiros que nele um dia acreditaram", afirmou.
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