Com os juros nas alturas, o biólogo Fabrício Rodrigues Camacho, de 28 anos, resolveu sacar os recursos guardados na poupança, “para não perder dinheiro” e buscar alternativas de aplicações mais rentáveis. Os fundos de renda fixa surgem como alternativa mais lucrativa aos investidores, quando comparados às aplicações na caderneta de poupança. A Selic – taxa básica de juros – em 12,75% ao ano, maior patamar desde agosto de 2011, tem gerado uma série de retiradas por parte dos correntistas, seja para investir ou complementar renda e quitar dívidas.
Dados do Banco Central apontam que a poupança sofreu a maior retirada mensal em 20 anos: R$ 23,3 bilhões, no primeiro trimestre do ano. Somente em março, o saldo líquido entre depósitos e saques ficou negativo em R$ 11,4 bilhões. No Rio Grande do Norte, a Caixa Econômica Federal não informou o volume de depósitos e saques realizados no período.
Adriano AbreuSomente em março, o saldo líquido entre depósitos e saques na caderneta de poupança ficou negativo em R$ 11,4 bilhões, no país
A retirada das aplicações em poupança se deve a dois fatores, conforme analisa Roberto Vertamatti, diretor de Economia e membro do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac): à remuneração negativa da caderneta que leva os grandes investidores a buscar outras aplicações. E outra parte ao fato dos salários desde a metade do ano passado não estarem conseguindo acompanhar a inflação.
“Significa que as famílias estão precisando recorrer a reserva, sacar da poupança para o consumo, para complementar a renda, porque estão bastante endividadas e o salário não tem ganho real”, analisa. Segundo dados do Banco Central, as famílias brasileiras comprometeram 46% da renda acumulada em 12 meses com dívidas. No mesmo período em que dispararam as retiradas das aplicações na caderneta de poupança.
Com a inflação rondando a casa dos 8% em 12 meses, a mais popular das aplicações financeiras perdeu atratividade e o cenário para 2015 é pouco alentador. Segundo o diretor de economia da Anefac a poupança deve continuar a perder rentabilidade em relação a inflação e não consiga a compensar.
Vantagem
Mas, mesmo com a previsão de poupança remunerando na casa de 0,5% a 0,6% ao mês + TR, com isso, somando os juros e correções até o final do ano deverá chegar a um rendimento de 6%. Ou seja, 2 pontos percentuais abaixo da inflação. Ele chama atenção para os casos em que é vantagem deixar o dinheiro onde está, na poupança.
Para o pequeno investidor, até R$ 10 mil não há muita alternativa, diz o especialista. “Mesmo sem conseguir ganhar a inflação (8%), deixar o dinheiro na poupança vai garantir pelo menos que terá em cerca de 80% do poder de compra”, afirma.
Além disso, a caderneta deve ser considerada nos casos em que se buscam aplicações de curto prazo – em até dez meses - ou para quem pretende usar como fundo de reserva para dar maior segurança em casos de emergência. Mesmo com esta elevação da taxa básica de juros (Selic) as cadernetas de poupança vão continuar interessantes frente aos fundos de renda fixa, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 2,50% ao ano.
Vertamatti lembra que a poupança não é tributada, não recai sobre ela a incidência do imposto de renda como nos investimentos de fundo de renda fixa.
Fonte: Tribuna do Norte
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