Moro mostra mensagem em que Bolsonaro o cobrou por ação da PF contra aliados


O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, mostrou provas das acusações que fez contra presidente da República, no Jornal Nacional, da Rede Globo.

Bolsonaro enviou para Moro, via Whatsapp, uma matéria que mostrava haver investigações contra 10 ou 12 deputados bolsonaristas, e afirmou: "Mais um motivo para troca".

Moro tentou explicar que a investigações não eram conduzidas por Valeixo. "Esse inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre [de Moraes, no STF", justificou Moro. O presidente reafirmou seu ponto. "Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas", conforme mostram os diálogos divulgados pelo JN.

Além da troca de mensagens com o presidente, Moro encaminhou ao Jornal Nacional prints de uma conversa com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). A aliada fiel de Jair Bolsonaro tentou convencer Moro a aceitar a troca do diretor da PF por um cargo no Supremo Tribunal Federal. "Vá para o STF, eu prometo ajudar e fazer JB retroceder". Moro afirmou então não estar à venda.

Em live no seu Facebook, a deputada Zambelli questionou o vazamento de Moro. "Será que isso é só trairagem ou é crime também? Eu estou decepcionada, estou magoada, estou triste", disse Zambelli. "Diante disso tudo, é como se meus pais tivessem se separando e eu tivesse que escolher com quais dos dois eu teria que ficar. Mas eu vou ficar com Bolsonaro, porque temos um país para governar", declarou.

A deputada afirmou que a atitude de Sergio Moro foi maligna e disse que "o Moro vai passar. Daqui há 10 ou 15 dias, ele vai estar dando aulas em algum lugar e nós seguiremos aqui, com Bolsonaro".

O acirramento da crise

Ao pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Jair Bolsonaro, acusou o presidente Sérgio Moro de tentar interferir politicamente nas ações da Polícia Federal.

"O presidente me disse mais de uma vez expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, pessoas que ele pudesse ligar, pessoas que ele pudesse colher informações da inteligência", acusou Moro.

"As investigações têm que ser preservadas, imagine se durante a operação Lava Jato o ex-presidente ficasse ligando para os procuradores para colherem informações", exemplificou Moro.

Em resposta ao ex-ministro, Bolsonaro afirmou que havia prometido a Moro "autonomia, mas não soberania". Segundo o presidente, ele havia afirmado que todos os cargos teriam que passar "pelas mãos deles", contrariando o que disse durante coletiva de imprensa, após convidar Sergio Moro.

"Não são verdadeiras as acusações de que queria saber de investigações em andamento. Em quase 16 meses de governo, Sergio Moro sabe que jamais pedi qualquer informação sobre investigação em andamento, a não ser aquelas que envolvem Adélio [Bispo de Oliveira], do porteiro [do condomínio do presidente] e do meu filho 04", disse Bolsonaro.

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