Por Carlos Chagas
Vem de Lênin a constatação de que só se muda uma nação a
partir de uma elite pensante organizada em torno de um partido
político, que será a vanguarda das mudanças. Em outras palavras, a
massa não tem condições para realizar nada. Deve seguir na esteira de
um grupo que traça as diretrizes fundamentais.
No Brasil, só uma vez
tivemos um partido capaz de assumir essa função. Em todas as outras
oportunidades foi a pessoa de um líder, presidente ou ditador, que
enfeixou a tarefa de promover as alterações, obtendo sucesso uns poucos,
fracassando os demais.
Foi em 1964 que um
partido conseguiu sobrepor-se ao individualismo: era o partido fardado, o
estamento militar, de triste memória em se tratando de
representatividade e de resultados. As forças armadas, como um todo,
conseguiram enquadrar os generais-presidentes, impondo a eles uma só
partitura, diante da qual uns reagiram mas cederam, como Castelo Branco
e Ernesto Geisel, enquanto outros aceitaram o papel de meros
representantes do partido castrense no poder, como Garrastazu Médici.
Apenas o último deles, João Figueiredo, mesmo de modo atabalhoado e
incompleto, conseguiu livrar-se de parte da tutela. Também, o partido
militar já estava desgastado, exangue e contestado de todos os lados.
Pela crônica, não
tiveram partidos fortes que os dirigissem os presidentes Getúlio
Vargas, Eurico Dutra, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart,
José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique e o
Lula, com Dilma seguindo na mesma linha – todos em maior ou menor grau
conseguindo controlar e não ser controlados. Uns puderam mudar muitas
estruturas, outros poucas ou nenhuma. Deixou seqüelas o vazio da falta
de uma elite pensante e poderosa concentrada num partido ao lado ou até
acima deles.
Imaginou-se que com o
PT seria diferente, pelo menos nos tempos em que os companheiros se
organizavam, cheios de grandes ideais. Durou pouco a ilusão, que muitos
supuseram capaz de emparedar o próprio Lula, seu líder maior.
Aconteceu o contrário. Registrou-se com o PT o mesmo do que com os
partidos anteriores: não teve identidade nem um grupo em condições de
definir rumos alternativos para o país. Concentrou-se em ocupar espaços
sempre mais mesquinhos e fisiológicos, despreocupando-se de elaborar
um projeto nacional. O Lula que o fizesse. Resultado: mesmo sendo
torneiro-mecânico e não caudilho, ele repetiu a performance de seus
antecessores: tornou-se o poder, definindo de forma ora distorcida,
ora correta, o planejamento que deveria ter recebido apenas para
executar.
Se houver um consolo
para mais essa distorção, vale lembrar que nem o Partido Comunista da
União Soviética conseguiu. Depois da morte de Lênin o partido logo de
transformou em galinheiro de Stalin, até desaparecer junto com o muro
que havia erigido em Berlin.
Assim estamos, ou
assim está o PT, de tantos sonhos desfeitos, ainda que sob a influência
do Lula, que Dilma segue regularmente. No máximo, será ela a definir os
rumos do Brasil, com os companheiros dispostos ao seu redor à espera das
migalhas do banquete. Ou alguém pensa na alternativa de o PSB
enquadrar Eduardo Campos, o PSDB, Aécio Neves, ou a Rede, Marina Silva?
OS MESMOS DE SEMPRE
Depois da euforia da
descoberta do Pré-Sal e diante de resultados até agora mínimos em sua
exploração, é preciso atentar para as coincidências, lembrando um
episódio de 1933, quando foi descoberto petróleo na região de Lobato, na
Bahia. Era ministro da Agricultura, Indústria e Comércio o
todo-poderoso vice-rei do Nordeste, Juarez Távora, que reagiu à
descoberta declarando ser teoricamente uma ilusão de ótica ou uma
invenção dos comunistas, aquele petróleo. Baseava-se num parecer da
Standart Oil...
Pois não é que agora
os sucedâneos e sucessores da multinacional começam a sabotar o Pré-Sal,
alegando dificuldades para extração a 15 mil metros de profundidade?
Até filmes nesse sentido vem sendo preparados no Hemisfério Norte para
desencorajar os trabalhos, sem esquecer a campanha de desmoralização da
Petrobrás, em pleno desenvolvimento.
Fonte: claudiohumberto.com.br