Dilma fez bem evitando as vaias do
Maracanã, para não atiçar fagulhas
Podia ser pior. No Egito, as ruas estão ainda mais
impacientes do que no Brasil, e ontem milhões foram às ditas cujas, no
Cairo, para exigir a saída do presidente Mohamed Morsi Issa al-Ayyat. A
situação de Morsi é periclitante. Entre nós as coisas não se comparam
com o que acontece no Egito. Para não atiçar fagulhas, fez bem a
Presidente Dilma Rousseff de não ir ao Maracanã para a final da Copa das
Confederações. Evitou, assim, converter-se, mais uma vez, no alvo de
apupos desagradáveis por parte de uma torcida que certamente não tem
pelo governo o mesmo carinho que demonstrou para com a seleção. Os
ministros mais fiéis à Presidente, em particular aqueles que aspiram
seguir caminhos políticos nos Estados, em 2014, asseguram que a
Presidente está tranquila e não se vê afetada pelo despencar de sua
popularidade nas últimas pesquisas de opinião. Os dados do Datafolha,
divulgados no sábado, foram chocantes: mostraram que apenas 30% dos
brasileiras qualificam hoje de boa ou ótima a gestão da Presidente
Dilma, 27 pontos percentuais abaixo do registrado no levantamento da
primeira semana de junho, antes, portanto, da eclosão da onde de
protestos que, iniciada em São Paulo, se alastrou por todo o País. A
Presidente tem uma etapa díficil pela frente, na rodada de encontros que
estão (estavam, pelo menos, na semana passada) em sua agenda, desta vez
com as lideranças da oposição e da juventude , para discutir as medidas
com as quais pretende desaquecer a onda de insatisfação que tomou
contas das ruas nas últimas semanas. O problema para o governo é que os
resultados do Datafolha mostram claramente que a base de apoio do
governo volta ao tradicional um terço da população, a parte que
costumeiramente votava no PT no período pré-Lula. O partido chegou ao
poder porque uma boa parte do centro inclinou-se para a pregação de um
partido que se propunha diferente de todos os demais, em termos de ética
e de atenção ao social. Isso já faz parte do passado. Leia o artigo do jornalista Pedro Luiz Rodrigues.
Fonte: claudiohumberto.com.br