Reverenciar o MESTRE, rejeitar as fantasias

Por Carlos Chagas


                                                        É preciso respeitar a data em que se lembra  a morte de Jesus Cristo, uma das maiores figuras da Humanidade. Tanto faz se católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus, budistas,  ateus e agnósticos. Todos concordarão em que depois dos seus  ensinamentos,  o mundo não foi mais o mesmo. Agora, quantas barbaridades se  praticaram e ainda se praticam   em nome dele.  Ainda hoje,   mesmo abolidas as fogueiras, as guerras ditas santas  e as fantasias.
                                                         Com todo o cuidado para não agredir a fé de bilhões de seres humanos, é preciso verificar que   nenhum dos quatro evangelistas, além de  muitos outros censurados através dos séculos, escreveu ter Jesus dito que era Deus. Sequer que era o único  filho de Deus. Pregou que todos  éramos filhos do Criador, que iríamos ao  encontro Dele,  depois da morte, caso tivéssemos praticado o amor ao  semelhante e evitado uma série de  barbaridades sem que nos tivéssemos arrependido. Foi depois, com a difusão da  dita doutrina cristã,  que se criou a versão de sua divindade. Uns por ingenuidade, outros por malandragem, estabeleceram versões a respeito da ressurreição, quando a explicação mais racional  seria, no máximo,  de que Jesus teria escapado do flagelo da crucificação. As lendas, porém, suplantaram a natureza das coisas.
                                                        Devemos enfrentar a realidade: se existe o Pai, como Jesus e toda a tradição  judaica sustentavam, como imaginar que Ele tivesse tido um filho?  Houve uma esposa? Mais fantasiosas ficaram as ilusões quando se inventou a existência do Espírito Santo, uma pombinha que até hoje freqüenta os concílios do Vaticano, mas que  de fato representa apenas   o bom-senso, a racionalidade e a sempre presente natureza das coisas.
                                                        Não dá para entender como se apregoa o chamado “mistério de um Deus em  três Pessoas”, que ouvimos placidamente durante toda a vida. Ou existe ou não existe o Criador, mas dividi-Lo só mesmo por força de muita imaginação.
                                                        Foi graças a Saulo de Tarso que o cristianismo estendeu-se para toda a Humanidade, quando a pregação  de Jesus limitava-se à  nação   judaica,  que ele pretendia purificar.    Pior para os anazes e caifazes  da época, que condenaram Jesus à morte  por medo de perder o poder sobre a comunidade,  tamanho  o     obscurantismo que impunham para exercer seu domínio. Enganaram até Roma, sugerindo que Jesus pretendia-se o rei dos judeus,  libertador da opressão romana.
                                                        Ao prometer que os dois ladrões crucificados com ele estariam em breve no paraíso, jamais Jesus imaginou-se  superior aos homens, muito menos seu julgador, apesar de as versões posteriores exaltarem essa condição.
                                                        Numa palavra, Jesus talvez tenha sido o maior dos mestres nascidos até hoje entre nós, mas se pudesse prever o que fariam  em seu nome e  o que construiriam em torno de sua pessoa, talvez tivesse pedido ao Pai para  livrá-lo de carga tão pesada. Assim, devemos reverenciá-lo, nunca utiliza-lo para tanta ignomínia verificada há  dois mil anos.  Em vez de desfilarem com chapéus dignos de faraós e vestimentas apropriadas para as  escolas de samba,  cheios de empáfia e arrogância, os que se dizem seus representantes no planeta   deveriam ater-se apenas aos seus  ensinamentos,   não às fantasias erigidas através dos tempos.     

Fonte: Cláudio Humberto
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