Quando sua doença se agravou, no final do ano passado, o então
presidente venezuelano Hugo Chávez ungiu publicamente como seu sucessor o
vice-presidente Nicolás Maduro. A tristeza popular pelo falecimento do
grande líder bolivariano garantirá a Maduro, não há dúvida, a vitória
nas eleições que deverão ocorrer nos próximos trinta dias. Resta saber
se terá ele condições de manter de pé uma estrutura de poder que vinha
sendo administrada por Chávez na base de um carisma quase místico. Esse
carisma vai criar raizes no imaginário popular venezuelano e influir
por bom tempo nos destinos do país. De certa maneira, foi o que
aconteceu na Argentina, com Perón. Foi-se ele embora um dia, mas deixou
uma herança política que até hoje é disputada a pau e pedra por
pretensos sucessores. Estes tentam igualar-se ao líder do passado, mas
nunca passam de cópias imperfeitas.