Alexandre Brum - Agência O Dia/AE
O
goleiro Bruno Fernandes confirmou na tarde desta quarta-feira (06/03)
que sabia do assassinato da ex-amante Eliza Samudio. Ele falou ainda que
seu primo, Jorge Luiz Rosa, confirmou que o corpo da vítima foi
esquartejado e jogado para os cachorros. Segundo Bruno, o autor do crime
foi Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.
Bruno
é acusado de ser o mandante do sequestro, cárcere privado e assassinato
de Eliza Samudio. Entretanto, ele nega participação. "Como mandante dos
fatos, eu nego, mas, de certa forma, me sinto culpado". Desde
segunda-feira, ele e sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues do Carmo, são
julgados no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte.
Em depoimento no Fórum de
Contagem (MG), Bruno contou que Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão, foi o autor do crime, que aconteceu no dia 10 de junho de
2010. "No momento que ele falou comigo eu fiquei desesperado, chorei
muito. Fui até o Macarrão e perguntei o que você fez, cara? Não tinha
necessidade, não. Macarrão disse que ela estava atrapalhando demais,
atrapalhando os meus projetos. Naquele momento eu senti medo".
Aos
prantos, Bruno disse que Macarrão não falou como ela tinha sido
executada. "Mas eu cheguei perto do Jorge (Luiz Rosa, primeiro do
goleiro) e perguntei como tinha acontecido. O Jorge falou comigo que o
Macarrão foi até o Mineirão, e conversou com uma pessoa no orelhão, e
naquele momento começou a seguir um cara de moto até uma casa na região
de Vespasiano e lá entregou Eliza para um rapaz chamado Neném".
E
Bruno continuou: "Lá um rapaz perguntou para Eliza se ela era usuária de
drogas e pediu que Macarrão amarrasse as mãos dela para frente, e deu
uma gravata nela. E o Macarrão pegou e ainda chutou as pernas de Eliza.
Foi o que o Jorge me falou. E que ainda tinha esquartejado o corpo dela,
tinha jogado o corpo dela para os cachorros comerem".
No início
de seu depoimento, Bruno pediu para contar sua versão dos fatos.
"Conheci Eliza na festa de um amigo em 2009, nos conhecemos e nos
envolvemos e desse envolvimento nasceu uma criança. Nesse tempo nós
conversamos bastante, houve várias vezes muitas discussões entre eu e a
Eliza, no tempo em que ela estava grávida".
Segundo Bruno, Eliza
cobrava que ele arcasse com as despesas. "Realmente ela cobrava de mim
que eu arcasse com as despesas. Algumas vezes eu ajudei, sim, só que ela
queria que eu ajudasse mais. Eu não podia porque eu não tinha feito
exame de DNA. Naquela noite, ela se envolveu também com outras pessoas".
Depoimentos.
Na terça-feira, foram ouvidas as testemunhas de acusação. Chamou a
atenção o depoimento de Célia Aparecida Rosa Sales, prima de Bruno. Ela
foi ouvida na condição de informante, o que significa que não tem
compromisso com a verdade, como as demais testemunhas. E confirmou que
teve de cuidar do filho de Eliza com Bruno, função que também coube a
Dayanne, após a mãe do bebê ser levada do sítio do goleiro em
Esmeraldas, também na Região Metropolitana, e não retornar mais.
De
acordo com Célia, Eliza foi levada por Macarrão e por Jorge Luiz Lisboa
Rosa, primo do jogador que tinha 17 anos à época. A informante disse
que Eliza acreditou estar sendo levada para um apartamento que Bruno
teria oferecido para ela morar com o filho do casal e chegou a convidar
pessoas que estavam no sítio para visitá-la. Durante o depoimento de sua
prima, Bruno se manteve de cabeça baixa.
Vídeos. Posteriormente,
ocorreu a exibição de vídeos com reportagens. O goleiro voltou a chorar e
foi amparado pelo advogado Lúcio Adolfo. A mãe da modelo também se
emocionou e passou mal ao ver uma das reportagens. Já Dayanne permaneceu
impassível na exibição. Mais à noite, Bruno foi dispensado e levado ao
presídio, enquanto tinha início o depoimento da ex-mulher.
Entenda
o caso. Ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, Eliza Samudio
desapareceu em junho de 2010 quando viajou do Rio para o sítio do
jogador em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Acompanhada de seu bebê, filho de Bruno, ela fez seu último contato,
para uma amiga, por telefone em 9 de junho. Poucos dias depois, a
polícia recebeu denúncia de que a jovem estaria morta.
Um primo de
Bruno, então com 17 anos, foi apreendido na casa do goleiro, no Rio,
após a polícia receber denúncia de que o rapaz havia participado da
execução de Eliza. À polícia ele revelou a participação de mais sete
suspeitos no crime e disse que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos
Santos, o Bola, teria matado a jovem. Seu corpo, no entanto, nunca foi
encontrado.
O primo de Bruno foi condenado a três anos de
internação pelo sequestro e morte de Eliza. No fim de 2010, a Justiça
mineira determinou que Bruno, Macarrão, Bola e Sérgio Rosa Sales fossem
julgados por júri popular pelo sequestro e morte de Eliza e que Dayanne,
Fernanda, Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha,
respondessem por sequestro e cárcere privado. Macarrão já foi condenado
no ano passado.
Fonte: G1