Estratégias para melhorar a educação


Forjar alianças. O maior problema de quem quer melhorar o sistema educacional é a solidão. A maioria da população acha que a escola do filho é boa e não demanda melhorias. Os sindicatos de professores e funcionários, muitos numerosos, só aceitam mudanças que envolvam maiores salários e menos trabalho. Não ausência de uma força que se contraponha ao peso dos sindicatos, qualquer batalha por avanços está perdida. O líder político precisa mobilizar uma coalizão que lhe dê sustentação para encarar as batalhas que virão. Batalhas que serão tão encarniçadas quanto maior for o escopo das mudanças propostas. Há uma série de aliados potenciais, desde grupos da elite – empresários, mídia, Igreja, Judiciário – até, preferencialmente,  a população inteira. Para mobilizar pais de alunos, não adianta falar de generalidades: é preciso mostrar que a escola dos filhos é ruim, e que os problemas impedem os projetos de vida dos filhos. Minha sugestão é o Ideb na Escola: colocar uma placa na entrada de todas as escolas com o seu Ideb. A iniciativa já foi aprovada nos estados de Minas Gerais e Goiás e em cidades como Rio de Janeiro, Vitória, Belém e muitas outras.

INTERVIR NO QUE ACONTECE NO DIA A DIA DAS SALAS DE AULA

A maioria dos gestores se contenta em garantir que a infraestrutura das escolas esteja em ordem, que os livros e a merenda cheguem ao destino, que os salários sejam pagos. Isso é necessários, mas não é remotamente suficiente para assegurar um ensino de qualidade. O que importa é aquilo que acontece quando professores e alunos se encontram, na sala de aula. A primeira tarefa é fazer com que esse encontro ocorra: zerar as faltas de professores e alunos. A segunda é a que o tempo seja aproveitado: nada de atrasos, perda de tempo com avisos e bate-papos ou consumo da aula colocando matéria no quadro-negro para a molecada copiar. Aula boa é aquela que começa e termina no horário e é ocupada em sua integridade por discussões relacionadas à matéria, o que envolve muita participação dos alunos via pergunta e resposta e professor preparado. A China adotou uma maneira inteligente de garantir o preparo dos professores. As escolas têm poucas séries (quatro, em geral) e muitas turmas por série, o que faz com que haja mais de um professor por matéria/série. Aí, criam-se grupos de estudos dos professores que ensinam a mesma matéria na mesma série; eles se encontram pelo menos a cada quinze dias para planejar aulas e trocar experiências, garantindo que todas as aulas sejam devidamente planejadas e que os professores com dificuldades tenham alguém em quem se apoiar. Uma vez pro mês, os professores da cidade, de cada matéria e grupo etário, se reúnem e recebem uma aula magna do professor que tiver ministrado a melhor aula sobre o conteúdo que estiver sendo estudado naquele momento. Assim, as melhores práticas de um professor ou escola contaminam toda a rede. No Brasil, mesmo em uma cidade que vai muito mal no ensino, é comum  haver pelo menos uma escola ou professor que faça um trabalho excelente, e que poderia ensinar aos demais como melhorar.

Ter diretores qualificados em todas as escolas

É preciso acabar com o modelo segundo o qual os diretores chegam ao cargo por conexões políticas ou por ser populares junto à comunidade. O melhor modelo de seleção de diretores é aqueles em que os candidatos passam por provas técnicas e, só depois disso, os finalistas vão para uma eleição na comunidade escolar. O diretor precisa ser uma referência acadêmica, não um simples administrador/burocrata. Precisa dar o norte da escola.

Descentralização dos recursos

O Poder Executivo municipal deve criar uma política de descentralização de recursos para as escolas da rede, ou seja, cada escola deve ter sua autonomia financeira.
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