A reunião que o Partido da República fará hoje definirá o rumo da legenda para o pleito de 2014. Em pauta estará não apenas o posicionamento sobre o Governo Rosalba Ciarlini, mas também que posição adotará o PR nas eleições do próximo ano. O presidente estadual da legenda, deputado federal João Maia, considera imprevisível o desfecho do encontro hoje. “Se a gente criou os núcleos (regionais) então que eles decidam. O encontro terá 1.026 pessoas filiadas ao partido em todo o Estado. Elas confirmaram a participação”, afirmou. Ele ressaltou que o grande desafio é não apenas definir sobre o rompimento ou não com o Governo Rosalba Ciarlini, mas, principalmente, adotar o posicionamento para as eleições do próximo ano.
“Já vamos sair com uma posição. Iri expôr a minha argumentação, mas vou respeitar a decisão da maioria. Nosso partido é forte e organizado”, ressaltou o deputado João Maia, admitindo estar surpreso com a quantidade de pessoas que confirmaram a participação no encontro.
Deputado João Maia afirma que o resultado da consulta aos filiados é imprevisível
Ontem no final da tarde, o deputado federal reuniu a executiva estadual do PR. O grupo, em uma conversa reservada, adotou um discurso comum para apresentar no encontro de hoje. A tendência da legenda é de racha com o Governo Rosalba.
A definição a ser adotada pelo partido hoje parece imprevisível. O empresário Renato Fernandes, secretário estadual de Turismo, afirmou que não é o momento de deixar a base governista. Já o deputado estadual George Soares, único representante do PR na Assembleia, tem sinalizado pela defesa do rompimento imediato.
Em recente entrevista a TRIBUNA DO NORTE, Soares observou a centralização do Executivo. “Analisando todo o período que o PR ficou no Governo e vimos que passou a impressão de que ele (o Governo) não quer ser ajudado. O nosso partido tem uma capilaridade no Estado todo, prefeitos importantes, mas nunca foi consultado”, comentou o deputado. George Soares ressaltou que nunca teve qualquer participação no Governo. “O Governo criou uma situação dentro do partido. Mas vamos concretizar (a saída) apenas depois de ouvirmos todos os prefeitos e vereadores”, destacou George Soares. O deputado reclamou que não teve emenda liberada pelo Executivo. “Nenhuma emenda foi liberdada e o Governo não tem chamado os deputados para ver a possibilidade do que pode ou não pode”, disse o deputado.
Ontem, em matéria publicada na TN, o posicionamento do secretário de Turismo Renato Fernandes, que foi indicado ao cargo pelo PR, foi exatamente no sentido contrário ao do deputado. “Estou aguardando essa reunião, mas de antemão sou do grupo que acha que não é o momento de sair [do Governo]”, destacou Renato Fernandes.
O argumento de Renato Fernandes para que o partido continue no Governo passa pela leva de investimentos que será iniciada com o advento do programa “RN Sustentável”. “Nós teremos R$ 200 milhões de investimentos para serem aplicados no Turismo. Esses recursos foram conseguidos com muito trabalho e acredito que deveremos contribuir com esse novo momento”, comentou o secretário.
Ele observou, porém, que prefere não arriscar palpites quanto ao posicionamento a ser adotado pela legenda no Rio Grande do Norte. “Eu confesso que não saberia dizer se é para deixar ou ficar. Eu ouvi filiados, conversei com lideranças, e acho que a expectativa é que se melhore a gestão. O Governo de Rosalba trabalhou muito para melhorar. Mas eu não estou dentro da cabeça de todo mundo, então não sei dizer”, enfatizou.
Memória
Caso o PR decida pelo rompimento com o governo Rosalba, será a quarta baixa entre partidos que estiveram no palanque da governadora Rosalba Ciarlini em 2010. O primeiro a deixar foi o Partido Verde, presidido pelo senador Paulo Davim, ainda no ano passado. Há três meses foi a vez do PMDB, presidido pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves, deixar a base governista. Logo em seguida, o PSL, de Araken Farias, também rompeu com a gestão Rosalba Ciarlini.
Em comum entre as legendas que estão deixando a base de apoio do Governo, há a justificativa do “isolamento” do Executivo e da centralização da gestão.