Para junta médica, problema cardíaco 'não se caracteriza como grave'.
Documento enviado ao STF nesta quarta é assinado por médicos da UnB.
Laudo médico assinado por cardiologistas da Universidade de Brasília
(UnB) e entregue nesta terça-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal
(STF) afirma que a cardiopatia do ex-presidente do PT e deputado federal
licenciado José Genoino "não se caracteriza como grave" e que não há
necessidade de tratamento domiciliar permanente.
Condenado no julgamento do mensalão, o deputado, que tem problemas
cardíacos, foi preso no último dia 15 e levado para o Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir pena em regime
semiaberto. Na semana passada, ele passou mal na prisão e foi
transferido para um hospital, do qual teve alta no sábado (23).
Em razão do estado de saúde de Genoino, o presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa,
concedeu prisão domiciliar temporária até que saísse o resultado da
avaliação da junta médica da UnB, nomeada por ordem do próprio ministro.
É com base nessa avaliação que Barbosa vai decidir se autorizará o
cumprimento da pena em prisão domiciliar.
"[Medicamentos] devem ser rigorosamente mantidos enquanto perdurar o
tratamento anticoagulante, não sendo imprescindível, para tanto, a
permanência domiciliar fixa do paciente, salvaguardadas as condições
para o devido controle periódico do tratamento", diz o texto do laudo.
Genoino fez cirurgia em julho para tratar um caso de dissecção da
aorta, uma grande artéria que sai do coração, de onde partem os ramos
que levam o sangue para os tecidos do corpo. A estrutura da parede da
aorta tem três camadas, para aguentar a pressão do bombeamento do
sangue. A dissecção da aorta ocorre quando o sangue se desvia do
interior da artéria para o interior da parede e passa a correr entre as
camadas dessa estrutura.
Para se recuperar, Genoino pediu licença médica à Câmara dos Deputados e
aguarda análise de solicitação de aposentadoria por invalidez – nesta
segunda, uma junta de médicos da Câmara avaliou
Genoino, mas o resultado da avaliação ainda não foi divulgado. A Mesa
Diretora da Câmara aguarda essa avaliação para decidir sobre o pedido de
aposentadoria.
'Bom estado geral'
Em documento de nove páginas, o documento assinado pelos médicos da UnB afirma que "em pleno gozo das suas faculdades mentais", Genoino informou ser portador de hipertensão há três décadas e disse ainda que faz tratamentos com anti-hipertensivos. Ele relatou ter sido submetido a cirurgia e que, duas semanas depois, apresentou acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.
Em documento de nove páginas, o documento assinado pelos médicos da UnB afirma que "em pleno gozo das suas faculdades mentais", Genoino informou ser portador de hipertensão há três décadas e disse ainda que faz tratamentos com anti-hipertensivos. Ele relatou ter sido submetido a cirurgia e que, duas semanas depois, apresentou acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.
O laudo afirma que o AVC acabou revertido "sem deixar qualquer sequela neurológica".
"Nesse ínterim vinha passando bem, sem manifestações clínicas de
relevância. [...] Assim permaneceu até o momento, há poucas semanas, em
que passou a vivenciar circunstância de intenso estresse emocional.
Desde então vem apresentando um conjunto de manifestações clínicas
sintomáticas, de forte componente psicossomático."
A perícia constatou, diz o documento, paciente "em bom estado geral,
cônscio, comunicativo, levemente ansioso, mas tranquilo em sua
comunicação, levemente dispneico e com expressão de cansaço ao falar."
Conforme o documento, foram realizados exames que afastaram "a hipótese
de infarto do miocárdio". Ele realizou eletrocardiograma e
angiotomografia.
Os exames concluíram que há "discreta cardiopatia aterosclerótica e/ou
hipertensiva, aterosclerose coronária não obstrutiva sem insuficiência".
"Conjuntamente, estas condições não se constituem em graves doenças
cardiovasculares, segundo critérios da Sociedade Brasileira de
Cardiologia", diz o texto.
Hipertensão
O paciente, diz o laudo, é "portador de hipertensão arterial sistêmica de grau leve a moderado de longa data, revertida por meio de controle medicamentoso específico".
O paciente, diz o laudo, é "portador de hipertensão arterial sistêmica de grau leve a moderado de longa data, revertida por meio de controle medicamentoso específico".
Além de hipertensão, Genoino tem, segundo o laudo, "dislipidemia e
distúrbio da coagulação". Segundo o laudo, ele precisa manter o
tratamento da hipertensão e da dislipidemia, mas sem necessidade de
tratamento domiciliar permanente.
"O tratamento anti-hipertensivo de longo prazo deve incluir adequado
emprego permanente de medicamentos específicos coadjuvado, tanto quando
possível, por dieta hipossódica, restrição de atividade física vigorosa,
prática regular leve a moderada de atividade física aeróbica e
restrição de influência de fatores psicológicos estressantes, não sendo
imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do indivíduo."
Em relação ao distúrbio da coagulação, os médicos destacaram que
episódios de "escarros ferruginosos e de sangramento nasal" ocorreram
devido à dose inadequada de remédio – ainda na prisão, Genoino
queixou-se de que estava cuspindo sangue.
Na conclusão, os médicos dizem que Genoino tem hipertensão arterial
leve a moderada, dislipidemia, distúrbio da coagulação e cardiopatia que
não se caracteriza como grave.
"Genoino é portador de cardiopatia que não se caracteriza como grave,
com base nas diretrizes pertinentes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Assim sendo, o conceito de doença cardiovascular grave não
se aplica ao presente caso em seu contexto clínico-cirúrgico de momento
atual, que se apresenta sob impressão de expectativa favorável", afirma o
documento.