Um intenso bate-boca marcou a reunião do presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, nesta segunda-feira
(8), com representantes de entidades de magistrados. Ele os acusou de
agirem de forma "sorrateira" para apoiar a aprovação, no Congresso, da
emenda que criou quatro novos tribunais regionais federais. O ministro
tentou influir para impedir a aprovação, mas o Congresso o ignorou. As
entidades sustentam que os novos tribunais são necessários. Na conversa,
Barbosa afirmou que a criação dos quatro TRFs custaria mais de R$ 8
bilhões ao País, mas o presidente da Associação dos Juízes Federais
(Ajufe), Nino Toldo, esclareceu que cada um deles custaria no máximo R$
100 milhões ao ano. O ministro afirmou, em tom áspero: "Pelo que eu
vejo, vocês participaram de forma sorrateira na aprovação. [...] São
responsáveis, na surdina, pela aprovação." O vice-presidente da Ajufe,
Ivanir César Ireno Junior, desmentou o presidente do STF: "Sorrateira,
não, ministro. Sorrateira, não. [De forma] Democrática e transparente."O
ministro tentoi calar a boca do juiz: "O senhor abaixe a voz que o
senhor está na presidência do Supremo Tribunal Federal." O
vice-presidente da Ajufe disse que apenas estava argumentando. Barbosa
determinou: "Então só me dirija a palavra quando eu lhe pedir. Concluo:
a minha posição, tomada assim de última hora, porque estava perplexo.
Como é que quase duplica o número de tribunais federais no Brasil dessa
maneira. Os senhores não representam o Conselho Nacional de Justiça.
Os senhores não representam o STJ, representam seus interesses
corporativos legítimos. Mas isso não supre a vontade dos órgãos
estatais. Compreendam isso. Os senhores não representam a nação. Não
representam os órgãos estatais. Os senhores são representantes de
classe. Só isso."
Fonte: Cláudio Humberto