A reação aos boatos sobre o fim do BOLSA FAMÍLIA revela quanto o PT ainda depende do eleitorado cativo de pobres

 No final do mês passado, milhares de beneficiários do Bolsa Família ocuparam agências da Caixa Econômica Federal em doze estados, assustados com boatos de que o programa seria extinto pelo governo. Em pleno fim de semana, quase 1 milhão de pais e mães de família correram às agências bancárias e lotéricas na tentativa de sacar aquele que seria a derradeira parcela do auxílio federal aos pobres. Houve tumulto, quebra-quebra, filas que dobravam esquinas. O governo acionou a Polícia Federal para investigar a origem dos boatos e liberou cerca de 150 milhões de reais em pagamentos antecipados para conter os tumultos. Em regiões do Norte e do Nordeste, famílias dependem da mesada oficial para comprar alimentos. É questão de sobrevivência. Por isso, além de desumano, o episódio revelou quanto os dependentes do programa – são 13 de milhões de famílias cadastradas que dividem um orçamento anual de 24 bilhões de reais – podem ser usados como massa de manobra de interesses eleitorais.
                Em Brasília, a reação dos políticos ao problema falou por si. Em vez deles se concentrarem na origem da confusão, sua primeira reação foi usar a aflição alheia para tentar ganhar uns votos.
                O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília, lembra que pesquisas demonstraram que beneficiários do Bolsa Família ajudaram a reeleger o ex-presidente Lula, em 2006, e eleger Dilma em 2010. “Nós estamos falando de 45 a 50 milhões de votos. Um eleitorado cativo.” Criado para ser uma ajuda básica para vencer a miséria absoluta, o programa esbarra no fraco desempenho da economia, que dificulta a geração de empregos no interior e nas periferias das grandes cidades. Falta-lhe uma porta de saída. Se, por um lado, ele ameniza o drama dos mais pobres, ao distribuir renda, por outro, termina por escraviza-los.
Fonte: Fragmento do artigo de Robson Bonin publicado na Veja, edição de 29/05/2013
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