Ex-diretor da BR Distribuidora e engenheiro de carreira da Petrobras, o lobista João Augusto Rezende Henriques trouxe à tona um suposto esquema de pagamento de propina a partidos políticos com recursos obtidos com operações internacionais da estatal do petróleo. Em reportagem publicada na edição deste final de semana da revista “Época”, o lobista afirmou que todos os contratos da Petrobras no exterior passavam por ele, que cobrava “pedágio” dos empresários interessados.
João Augusto, informou a revista, disse que entre 60% e 70% do dinheiro arrecadado nas negociações era repassado ao PMDB, sendo que a maior parte ficava nos bolsos de parlamentares da bancada de Minas Gerais na Câmara. O restante das comissões, disse o engenheiro, era repartido entre ele próprio e seus operadores na Petrobras.
A influência do lobista do PMDB dentro da Petrobras, ressaltou “Época”, teria surgido em meados da década de 1990, por meio de contatos que ele fez no meio político na ocasião em que ocupou um assento na diretoria da BR Distribuidora.
A revista diz que João Augusto chegou a ser cotado para assumir a diretoria internacional da Petrobras durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, teve seu nome vetado pela Casa Civil. O motivo do veto teria sido uma condenação de R$ 500 mil pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por conta de irregularidade cometidas à época que ele era diretor da subsidiária de combustíveis da estatal.
Como não pode ocupar a vaga, enfatizou a revista, João Augusto teria indicado um de seus melhores amigos na empresa, o engenheiro Jorge Zelada. De acordo com a reportagem, ao nomear Zelada, João Augusto se tornou “o diretor de fato da área internacional”.
Com respaldo do diretor internacional, o lobista do PMDB conta que passou a intermediar operações da Petrobras fora do país em troca de comissões. Confome "Época", João Augusto contou que a maior parte da propina era destinada a 10 parlamentares, entre eles, o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, filiado ao PMDB, e o presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, João Magalhães (PMDB-MG).
Procurado pela TV Globo, o titular da Agricultura não quis comentar as denúncias. Já Magalhães negou, por meio de seu advogado, participação no suposto esquema de corrupção.
Caixa 2
"Época" também revelou que o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, teria recebido US$ 8 milhões da construtora Odebrecht a partir de um contrato fechado com a área internacional da Petrobras. O repasse, afirmou o lobista, teria ocorrido durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. João Augusto admitiu que ficou com parte do dinheiro e repassou ao PMDB entre US$ 10 milhões e US$ 11 milhões.
"Época" também revelou que o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, teria recebido US$ 8 milhões da construtora Odebrecht a partir de um contrato fechado com a área internacional da Petrobras. O repasse, afirmou o lobista, teria ocorrido durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. João Augusto admitiu que ficou com parte do dinheiro e repassou ao PMDB entre US$ 10 milhões e US$ 11 milhões.
Em nota, o PT disse que, em 2010, Vaccari não foi tesoureiro da campanha de Dilma. Além disso, destacou o partido, todas as doações petistas foram feitas "dentro da lei”.
A Presidência da República disse ao Jornal Nacional que não iria se pronunciar sobre as denúncias. Em nota, a Odebrecht negou qualquer irregularidade nos contratos com a Petrobras. A empreiteira destacou ainda que não tem “contrato” com João Augusto.
Também por meio de comunicado oficial, o PMDB negou a suposta doação da Odebrecht. O partido ressaltou que João Augusto “não tinha autorização” para “falar ou atuar” em nome da legenda ou para “buscar” recursos de campanha.