Dos quatro candidatos já evidenciados para a disputa da
presidência da República, ano que vem, nenhum apresentou mais do que
exortações a respeito do futuro do país. Com tanta antecedência não se
exigirá de Dilma Rousseff, Aécio Neves,Marina Silva e Eduardo Campos
que disponham de programas de ação,antigamente chamados de
“plataformas” de candidatos. Há tempo para isso.
No entanto, pelas preliminares e slogans até agora conhecidos, como o
de que “é possível fazer mais e melhor”, fica evidente por parte deles a
falta de imaginação e de vontade para sensibilizar a opinião pública e
propor mudanças fundamentais. Os quatro, com todo o respeito, são
vinhos da mesma pipa. Meros seguidores do modelo que nos assola faz
tempo, incapazes de apresentar propostas em condições de mudar o Brasil.
Quer dizer, acomodam-se à fórmula de que o país deve seguir adiante
dispondo de ricos e pobres, privilegiados e massacrados, exploradores e
explorados. Uns mais, outros menos, todos pretendem manter a ordem
social, econômica e política sem maiores alterações. Nem reformistas
parecem, quanto mais revolucionários.
Seria no mínimo curioso saber como reagiria a nação caso um
candidato, não os atuais, mas alguém novo, prometesse estabelecer a
proibição de demissões nas empresas privadas e no serviço público por um
tempo determinado. Que concluísse que salário não é renda e, portanto,
extinguisse o Imposto de Renda dos assalariados. Que proibisse a
evasão de recursos para o exterior, tanto faz se como remessa de lucros
ou investimentos externos. Que abolisse o direito de empresários de
retirarem de suas empresas os recursos para suas despesas particulares,
obrigados a arcar com elas de seus salários, certamente limitados a um
patamar auferido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Que
estabelecesse a prevalência do interesse nacional sobre o interesse
privado, restringindo o direito de herança aos limites da sobrevivência
do herdeiro e submetesse a empresa familiar à lógica da participação
de todos os seus empregados na definição de seus rumos e resultados.
Que estabelecesse o Imposto Sobre Grandes Fortunas e não permitisse
conglomerados de atividades distintas controlados pelos mesmos
personagens.
Mas tem mais. Importante seria, para esse candidato desconhecido,
prometer que recursos judiciais seriam admitidos, mas que após a
condenação dos réus em primeira instância, só pudessem apelar de
dentro da cadeia, sem benefícios abertos aos privilegiados
financeiramente. Que tal considerar a população indígena como parte
integrante do estado nacional, jamais como nações independentes. Por
que não acabar com a isenção de impostos para todo o tipo de igrejas e
organizações religiosas sustentadas pela fé popular e tantas vezes
exploradas por vilões travestidos de condutores da sociedade.
Seriam inúmeras as propostas de um candidato alternativo que se
apresentasse diante dos concorrentes já alinhados. Coisa impossível de
acontecer, porque primeiro seria preso, senão queimado na fogueira,
antes que expusesse sua plataforma...
Fonte: Cláudio Humberto